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Na TV, Bolsonaro diz que governo terá ‘tolerância zero’ com queimadas

Pronunciamento do presidente ocorre durante protestos nas principais capitais brasileiras contra a política ambiental

Por André Siqueira Atualizado em 2 ago 2023, 19h02 - Publicado em 23 ago 2019, 20h43

O presidente Jair Bolsonaro afirmou, em pronunciamento em cadeia de rádio e televisão, que seu governo terá “tolerância zero” com desmatamentos e queimadas na Amazônia. Ele também disse que oferecerá ajuda do governo federal a todos os estados que compõem a Amazônia Legal, e criticou eventuais sanções internacionais ao Brasil.

“Somos um governo de tolerância zero com a criminalidade e, na área ambiental, não será diferente. Por essa razão, oferecemos ajuda a todos os estados da Amazônia Legal. Com relação àqueles que a aceitarem, autorizarei Operação da Garantia da Lei e da Ordem, uma verdadeira GLO ambiental”, disse Bolsonaro.

Bolsonaro também afirmou que as queimadas registradas em 2019 não estão “fora da média dos últimos 15 anos”, mas ressaltou que não está satisfeito com o que tem assistido.

Em outro trecho, o presidente criticou eventuais sanções internacionais. “Outros países se solidarizaram com o Brasil, ofereceram meios para combater as queimadas, bem como se prontificaram a levar a posição brasileira junto ao G7. Incêndios florestais existem em todo o mundo, e isso não pode servir de pretexto para possíveis sanções internacionais”.

O presidente disse, ainda, que o Código Florestal brasileiro “deveria servir de modelo para o mundo”. “O Brasil é exemplo de sustentabilidade. Conserva mais de 60% de sua vegetação nativa. Possui uma lei ambiental moderna e um Código Florestal que deveria servir de modelo para o mundo”.

O pronunciamento ocorreu no mesmo dia em que manifestações ocorrem nas principais capitais brasileiras. Em Brasília, por exemplo, manifestantes projetaram imagens de queimadas na fachada do prédio do Ministério do Meio Ambiente. O grupo também gritou palavras de ordem contra o titular da pasta, ministro Ricardo Salles.

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Em São Paulo, o ato começou no vão do MASP, na direção da Consolação. Por volta das 21h, um grupo se concentrou na sede da Superintendência do Ibama em São Paulo, onde queimaram um mapa na região da Amazônia. No Rio de Janeiro, a principal concentração ocorre na região da Cinelândia, onde grupos criticam a política ambiental do governo federal.

Mais cedo, também nesta sexta-feira, protestos pela preservação da Amazônia foram organizados em diversas embaixadas e consulados brasileiros ao redor do mundo. Manifestantes se reuniram em cidades como Londres, Berlim, Paris, Madri, Turim, Berna e Mumbai. Aos gritos de “Salvem a Amazônia” e “Fora, Bolsonaro”, centenas de pessoas se reuniram diante da embaixada de Londres.

Aos gritos de “Assassino” e “Protejam a Amazônia”, dezenas de pessoas também se reuniram na frente da embaixada em Berlim nesta sexta.

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Nas redes sociais, foi organizado um panelaço durante o pronunciamento de Bolsonaro. O assunto, inclusive, se tornou um dos assuntos mais comentados do Twitter, com a hashtag #panelaço.

Leia abaixo a íntegra do discurso de Bolsonaro:

Boa noite,

Dirijo-me a todos para tratar da nossa Amazônia, que, nas últimas semanas, tem atraído crescente atenção do Brasil e do mundo. A floresta amazônica é parte essencial da nossa história, do nosso território, e de tudo que nos faz sentir ser brasileiro.

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Nossas riquezas são incalculáveis, tanto em matéria de biodiversidade, quanto de recursos naturais. Devido à minha formação militar, e à minha trajetória como homem público, tenho profundo amor e respeito pela Amazônia. A proteção da floresta é nosso dever. 

Estamos cientes disso e atuando para combater o desmatamento ilegal e quaisquer outras atividades criminosas que coloquem a nossa Amazônia em risco. É preciso lembrar que, naquela região, vivem mais de 20 milhões de brasileiros que, há anos, aguardam dinamismo econômico proporcional às riquezas ali existentes.

Para proteger a Amazônia, não bastam operações de fiscalização, comando e controle. É preciso dar oportunidade a toda esta população para que se desenvolva junto com o restante do país. É neste sentido que trabalham todos os órgãos do governo.

Somos um governo de tolerância zero com a criminalidade e, na área ambiental, não será diferente. Por essa razão, oferecemos ajuda a todos os estados da Amazônia Legal. Com relação àqueles que a aceitarem, autorizarei Operação da Garantia da Lei e da Ordem, uma verdadeira GLO ambiental. 

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O emprego extensivo de pessoal e equipamentos das Forças Armadas auxiliares e outras agências permitirão, não apenas combater as atividades ilegais, como também conter o avanço de queimadas na região.

Estamos em uma estação tradicionalmente quente, seca e de ventos fortes, em que, todos os anos, infelizmente, ocorrem queimadas na região amazônica. Nos anos mais chuvosos, as queimadas são menos intensas.

Em anos mais quentes, como nesse, 2019, elas ocorrem com maior frequência. De todo modo, mesmo que as queimadas deste ano não estejam fora da média dos últimos 15 anos, não estamos satisfeitos com o que estamos assistindo. Vamos atuar fortemente para controlar os incêndios na Amazônia.

É preciso, por outro lado, ter serenidade ao tratar desta matéria. Espalhar dados e mensagens infundadas, dentro ou fora do Brasil, não contribui para resolver o problema e se prestam, apenas, ao uso político e à desinformação.

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O Brasil é exemplo de sustentabilidade. Conserva mais de 60% de sua vegetação nativa. Possui uma lei ambiental moderna e um Código Florestal que deveria servir de modelo para o mundo.

Temos uma matriz energética limpa, renovável, e com ela estamos dando importante contribuição ao planeta. Diversos países desenvolvidos, por outro lado, ainda não conseguiram avançar com seus compromissos no âmbito do Acordo de Paris. Seguimos, como sempre, abertos ao diálogo, com base no respeito, na verdade, e cientes da nossa soberania.

Outros países se solidarizaram com o Brasil, ofereceram meios para combater as queimadas, bem como se prontificaram a levar a posição brasileira junto ao G7. Incêndios florestais existem em todo o mundo, e isso não pode servir de pretexto para possíveis sanções internacionais.

O Brasil continua sendo, como foi até hoje, um país amigo de todos, e responsável pela proteção da sua floresta amazônica.

Boa noite.

Conheça os detalhes de cada etapa da história de Ricardo Salles em mais uma edição do podcast Funcionário da Semana:

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