Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Continua após publicidade

MST invade terras de ministro e amigo de Temer em ação coordenada

Entre os alvos do movimento estão terras também do ex-presidente da CBF Ricardo Teixeira e do presidente do PP, senador Ciro Nogueira

Por Da Redação
Atualizado em 4 jun 2024, 18h28 - Publicado em 25 jul 2017, 10h42
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) invadiram pelo menos cinco fazendas em diferentes estados na manhã desta terça-feira. Entre as terras ocupadas estão supostas propriedades do ministro da Agricultura, Blairo Maggi (PP), do ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) Ricardo Teixeira, do Coronel Lima, amigo do presidente Michel Temer (PMDB) e do presidente do PP, senador Ciro Nogueira.

    Segundo o MST, as terras invadidas estão relacionadas a “processos de corrupção ou a corruptos”. O movimento informa que as áreas são ocupadas por trabalhadores rurais, que exigem a destinação das fazendas para assentamentos familiares.

    O grupo também protesta pela violência no campo, que teria feito 68 vítimas em 2017, incluindo treze jovens, seis mulheres, treze indígenas e quatro quilombolas.

    Os latifundiários que possuem essas áreas são acusados, no cumprimento de função pública, de atos de corrupção, como lavagem de dinheiro, favorecimento ilícito, estelionato e outros”, afirma o MST. O movimento também se posiciona a favor do “afastamento imediato” de Michel Temer da Presidência e pede a convocação de eleições diretas. 

    A fazenda do ministro é um dos latifúndios do Grupo Amaggi em Mato Grosso, a 210 quilômetros da capital Cuiabá e a cerca de 25 quilômetros de Rondonópolis. Em nota, o MST menciona a fortuna da família Maggi, que, “segundo a revista Forbes de 2014, ocupava o sétimo lugar no ranking entre as maiores famílias bilionárias do Brasil, com uma fortuna estimada em 4,9 bilhões de dólares”, e afirma que a fazenda é fruto da apropriação de terras públicas.

    Por meio de nota, o Grupo Amaggi confirmou a invasão da Fazenda SM02-B, em Rondonópolis, com extensão de 479,7 hectares.  A empresa diz que está preocupada com a integridade física dos 17 colaboradores que moram no local e tomará providências para garantir a segurança deles. Ao mesmo tempo, a companhia “está buscando os meios legais para restabelecer a ordem em sua unidade produtiva”, diz a nota.

    Continua após a publicidade

    Mais de 350 famílias ocupam a fazenda Santa Rosa, em Piraí, no sul do Estado do Rio de Janeiro, que é citada pelo MST como sendo do ex-presidente da CBF Ricardo Teixeira, “notório denunciado e indiciado em casos de corrupção”. A nota do movimento cita investigações contra Teixeira por estelionato e lavagem de dinheiro e alega que “muitas destas lavagens de dinheiro passam pelo contexto da aquisição e valorização especulativa de grandes extensões de terras”.  A propriedade tem cerca de 1.500 hectares, conforme o MST.

    MST ocupa fazenda de Ricardo Teixeira
    Mais de 350 famílias ocuparam a fazenda Santa Rosa, do ex-presidente da CBF Ricardo Teixeira, em Piraí, sul fluminense, segundo o MST (MST/Reprodução)

    A Polícia Militar do Rio diz que foi deslocada para garantir a integridade dos funcionários que trabalham na fazenda e que o efetivo se mantém no local acompanhando a ação. Segundo a PM, o MST armou barracas próximas à casa de Ricardo Teixeira. A corporação diz que aguarda uma decisão da Justiça para saber se eles serão retirados do local ou permanecerão até uma ordem de reintegração de posse. A PM afirma que está lá apenas para garantir que não haverá nenhum ato de vandalismo. 

    Já a fazenda Esmeralda, do coronel João Batista Lima Filho foi ocupada por cerca de 800 integrantes do MST. As terras ficam no município paulista de Duartina e também somam 1.500 hectares. Segundo o MST, a fazenda está oficialmente está registrada como sede da empresa Arquitetura e Engenharia Ltda.(Argeplan), mas moradores da região a identificam como “fazenda do Temer” e afirmam que grande parte da área foi grilada. 

    Continua após a publicidade

    As polícias Civil e Militar de São Paulo estão no local, mas não retornaram à delegacia. Não há informações no momento.

    No Piauí, cerca de 1.000 famílias ocuparam a fazenda Junco, que pertenceria ao senador Ciro Nogueira, presidente nacional do PP —“partido aliado ao golpe”, segundo o MST. As famílias “denunciam a improdutividade da área” e reivindicam a desapropriação das terras para fins de reforma agrária. A propriedade fica a 22 quilômetros da capital do estado, Teresina, perto da rodovia BR-316.

    Outras terras

    No Paraná, cerca de 300 famílias ocuparam as fazenda Lupus 1, 2 e 3 na cidade de Alto Paraíso. O grupo alega que, em 2007, o  Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) constatou em laudos técnicos a improdutividade da terra por “descumprir a sua função social, que é o uso adequado dos recursos naturais e a preservação do meio ambiente”. Segundo o MST, após o dono das terras —que não foi identificado pelo movimento— ter entrado com recurso, a Justiça Federal de Umuarama manteve a decisão do Incra, em 2013. A ocupação nas fazendas visa a acelerar a arrecadação das terras.

    No Maranhão, cerca de 400 integrantes do MST e de outros movimentos bloqueiam o acesso ao Centro de Lançamento de Alcântara (CLA). O ato “é contra a entrega da base aos Estados Unidos e defende a soberania brasileira”. O MST diz que a possível ampliação de um programa espacial na região pode provocar remoções e despejos em mais 200 comunidades de quilombos na região. Conforme os sem-terra, famílias não foram indenizadas após a remoção de comunidades nas décadas de 80 e de 90.

    Continua após a publicidade

    Veja a íntegra da nota do Grupo Amaggi

    Cuiabá, 25 de julho de 2017.

    A AMAGGI vem a público confirmar que, na manhã desta terça-feira (25), uma das unidades produtivas da companhia, a Fazenda SM02-B, localizada em Rondonópolis (MT), foi invadida por integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST).

    Neste momento, a companhia está preocupada com a integridade física dos 17 colaboradores e familiares que residem na fazenda e está tomando as providências necessárias para garantir a segurança dos mesmos. Paralelamente está buscando os meios legais para reestabelecer a ordem em sua unidade produtiva.

    Localizada a pouco mais de 20 quilômetros de Rondonópolis, às margens da rodovia BR-163, a Fazenda SM02-B possui uma extensão de 479,7 hectares e é uma das mais antigas unidades produtivas da AMAGGI, com atividades desde a década de 1980, gerando empregos diretos e indiretos e contribuindo para o desenvolvimento da economia local, com respeito ao meio ambiente e atendendo à finalidade socioambiental do imóvel.

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

    a partir de 39,96/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.