Em mais de quatro décadas de existência, o MST nunca escondeu a simpatia por regimes ditatoriais de esquerda, como o de Cuba, Venezuela e Nicarágua. Mas isso, de acordo com o presidente Lula, seria coisa do passado, assim como também as invasões de fazendas, as depredações e atos violentos e antidemocráticos que marcam a história do movimento. O MST, segundo a expectativa do novo governo, será conhecido a partir de agora pela capacidade em produzir alimentos orgânicos.
Na contramão desse discurso, o MST decidiu expandir suas fronteiras de ação política. Recentemente, os sem-terra declaram apoio ao movimento separatista Frente Polisário, que reivindica parte de um território controlado pelo Marrocos no deserto do Saara. Entre os dias 13 e 17 de janeiro, o MST enviou à Argélia uma dirigente do movimento para participar de um congresso promovido pelos separatistas. “Nossa participação foi um pouco para escutar, saber das suas principais definições, mas sobretudo, expressar a solidariedade e apoio do MST, do povo brasileiro para com a causa saarauí”, disse Ayala Ferreira durante a visita.
O apoio, em princípio, não tem relevância alguma, mas a visita não não passou despercebida pelas autoridades marroquinas. O embaixador de Marrocos no Brasil, Nabil Adghoghi, disse a VEJA que o governo brasileiro sempre teve uma postura construtiva e legalista na ONU diante do conflito envolvendo a Frente Polisário, apostando em uma solução pacífica, e que o envolvimento do MST nestas questões internacionais “perturba a imagem que o mundo inteiro” tem do país.