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MPF revela evidências de repasse de R$ 300 mil da Odebrecht a Aleluia

Relatório anexado a processo contra o deputado do DEM no STF identificou repasse em sistema de propinas da empreiteira. O parlamentar nega

Por Estadão Conteúdo 27 abr 2018, 20h44

Relatórios com dados extraídos do sistema do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, que registram toda a contabilidade paralela da empreiteira, revelam evidências do suposto pagamento de 300.000 reais ao deputado federal José Carlos Aleluia (DEM-BA), segundo relatório produzido pelo Ministério Público Federal (MPF). O suposto repasse já havia sido relatado na delação da Odebrecht.

Anexado ao inquérito que investiga o parlamentar no Supremo Tribunal Federal (STF), o documento mostra que o pagamento ocorreu no dia 17 de setembro de 2010, em favor do codinome “Missa”, que, dizem executivos da empreiteira, é o codinome de Aleluia no departamento de propinas.

“Os registros identificados no ‘MyWebDay B’ indicam que os 300.000 reais foram pagos pela Odebrecht em espécie, na cidade de Salvador, diretamente ao destinatário José Carlos Aleluia, em razão da Campanha Eleitoral do ano 2010 e o executivo responsável foi Cláudio Melo Filho. O dinheiro foi viabilizado a partir da conta de controle da Odebrecht denominada CXSSAR – CAIXA UVRE SALVADOR – REAL, operacionalizada por Maria Lúcia Tavares, funcionária do Setor de Operações Estruturadas da empreiteira”, registra o relatório do MPF, produzido pela Secretaria de Perícia, Pesquisa e Análise.

O documento afirma que no relatório “Lançamentos Diário de Saída” constam importantes informações, tais como “O codinome beneficiário (MISSA) que identifica José Carlos Aleluia; o local de pagamento (DIRETOS), indicando que a entrega do dinheiro se deu em espécie diretamente ao beneficiário; e por fim o valor do pagamento (300.000,00)”.

Assinado pelo vice-procurador-geral da República, Luciano Mariz Maia, o documento foi juntado ao processo pela Procuradoria-geral da República (PGR), que enviou à Corte no dia 18 de abril um pedido de prorrogação do prazo para a conclusão do inquérito, por 30 dias. O relator do inquérito é o ministro Luiz Fux, do STF.

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Além do suposto pagamento dos 300.000 reais ao deputado do DEM em 2010, delatores da Odebrecht ainda narraram que, no contexto das eleições de 2014, Aleluia teria recebido doação oficial no importe de 280.000 reais, “tendo, como contrapartida, no exercício do mandato e mediante solicitação expressa, assumido posições favoráveis aos interesses do Grupo Odebrecht”.

O documento do MPF ressalta que nos relatórios extraídos do sistema “MyWebday B” constam registros de pagamentos apenas até o mês de junho de 2012, “portanto, não há registros referentes ao segundo semestre de 2012 e aos anos de 2013 e 2014”.

Defesa

À reportagem, o deputado José Carlos Aleluia negou que tenha recebido qualquer pagamento. “Não houve absolutamente nenhum pagamento. As evidências que têm são de que o dinheiro teve outro destino, porque inclusive a época é incompatível, eu estava com a eleição perdida”, alegou Aleluia.

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