Ministro do STJ faz enquete no Twitter sobre intervenção militar
Questionário feito por Geraldo Og Fernandes já tem mais de 23.500 respostas: 47% das pessoas se mostram favoráveis à ação das Forças Armadas
O ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Geraldo Og Nicéas Marques Fernandes decidiu fazer uma enquete em seu Twitter para perguntar se seus seguidores são favoráveis a uma intervenção militar no Brasil. O questionário é realizado após militares da ativa darem declarações sugerindo uma ação das Forças Armadas para resolver a crise política no país.
Recentemente, o general da ativa Antonio Hamilton Martins Mourão defendeu abertamente uma intervenção das Forças Armadas durante uma palestra no Distrito Federal. A declaração obrigou o Ministério da Defesa a cobrar explicações do comando do Exército. Na quinta-feira, o comandante militar do Sul, general Edson Leal Pujol, disse que a população deveria ir para as ruas em caso de insatisfação. Em seu discurso, ele afirmou que uma intervenção militar “não é a solução”.
No Twitter, Og Fernandes fez a pesquisa após republicar o texto de uma coluna do portal R7 que trazia um estudo do Instituto Paraná Pesquisas, no qual 43,1% dos brasileiros são favoráveis à intervenção militar. Diante das primeiras críticas que recebeu, o ministro do STJ afirmou que o “país está muito polarizado e com os nervos à flor da pele” e que tem o costume de fazer enquetes em seu perfil.
“Querem minha opinião? Meu dever é cumprir a lei. Sou seguidor da lei, da Constituição e da democracia no Brasil. Faço isso todo dia. Acalmem-se. De mim não verão qualquer manifestação fora da lei”, disse. “Estamos numa democracia. Ouvir a opinião das pessoas é a regra. Como juiz, continuarei a assegurar o direito de expressão.”
A pesquisa do ministro já tem mais de 23.500 votos. Até o momento, 47% das pessoas se mostram a favor (53% contra) de uma intervenção militar. Durante a madrugada, Og Fernandes publicou uma série de onze postagens para tratar do assunto. Ele disse que verificar sentimentos do país nas redes sociais é um exercício de empatia. “Um juiz que atua no STJ, penso, não deve se encastelar.”
O ministro afirmou que não busca notoriedade com o questionário nem pretende influenciar crenças.”Contribuir com o debate de ideias implica tolerância com a crença alheia, mas não melhora a sociedade dar trela a quem é intolerante. Civilidade é tarefa de todos.”
Og Fernandes declarou ainda que a pesquisa é neutra. “Qual o país que se deseja? Eu quero saber e, às vezes, as respostas causam perplexidade. Na atual enquete aflora um cenário conflituoso”, afirmou. “Vamos construir o país sem a faca entre os dentes. Precisamos melhorar quando parte da sociedade agride uma singela enquete.”
Procurado, o STJ disse que não irá se manifestar.