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Meirelles: Plano de Ciro sobre SPC pode quebrar milhões de comerciantes

Candidato do MDB diz que proposta do adversário pode levar a um ‘calote nacional’; ex-ministro ignora desempenho ruim no Ibope e diz que ainda vai crescer

Por Leonardo Lellis Atualizado em 19 set 2018, 19h54 - Publicado em 19 set 2018, 15h56

O candidato a presidente da República pelo MDB, Henrique Meirelles, criticou a proposta de seu adversário, Ciro Gomes (PDT), de promover a retirada de 63 milhões de brasileiros do SPC (Serviço de Proteção ao Crédito) e disse que isso poderia ter um efeito negativo para o país. Para o presidenciável, o plano de seu adversário é “irrealista”.

“Ele (Ciro) citou o refinanciamento de dívidas das empresas, mas tem um erro enorme nisso. Houve, sim, o refinanciamento de dívidas com o Fisco [Receita Federal] em que foi foi possível antecipar arrecadações de impostos que muitas vezes nunca aconteceriam. Agora são milhões de pequenos estabelecimentos no Brasil. De repente, o governo declara que haverá um calote nacional. Milhares, e talvez milhões de pequenos comerciantes, podem quebrar. O problema dessas pessoas vai ser resolvido com administração competente e com emprego para que ninguém precise entrar no SPC. A partir daí você pode renegociar as dívidas”, afirmou no fórum Amarelas ao Vivo, promovido por VEJA, em São Paulo. 

Ainda sem ultrapassar 3% nas pesquisas de intenção de voto, o candidato, que foi ministro da Fazenda de Michel Temer (MDB) e presidente do Banco Central no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), não disfarçou um sorriso ao afirmar que poderá vencer a eleição. “Existe um crescimento muito forte. No começo da campanha eu tinha menos de 1%. Pelo tracking interno, eu já estou em 4%. Mantendo isso é possível ganhar no primeiro turno. Se será uma vitória para ser eleito ou para ir para ir para o segundo turno, eu não sei”, afirmou.

Em entrevista à colunista Dora Kramer e ao redator-chefe de VEJA, Mauricio Lima, o presidenciável afirmou haver uma preocupação “muito grande” com a polarização entre dois extremos representados pelas candidaturas de Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT). “No momento em que enxergarem uma alternativa de alguém competente, que tem condições de mudar o país, o eleitor pode mudar de voto. Não há uma polarização, de fato, ideológica, amadurecida. Mais perto da eleição, o eleitor começa a pensar com a razão.”

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Mantendo-se firme na crença em seu próprio crescimento, o emedebista também rejeitou abrir mão de sua candidatura em favor de outro nome de centro para evitar a passagem de Bolsonaro e Haddad para o segundo turno. “Acho que o Brasil já passou dessa fase de conchavo de bastidor. Eu tenho uma candidatura que está crescendo. Essa decisão vai ser tomada pelos eleitores, que escolherão quem tem maiores possibilidades de vitória. Eu não tenho condições de fazer nenhum acordo a não ser aceitar o apoio de algum outro candidato”, afirmou.

Questionado se daria um cargo a Temer, Meirelles afirmou ver “obsessão” com o nome de seu ex-chefe e de quem herdou a missão de defender o governo mais impopular desde a redemocratização. “As minhas equipes são caracterizadas pela excelência. Nunca tomo decisão antes da hora e não faço compromissos. Minha candidatura é independente. Eu não sento na cadeira antes da hora.” Sobre a falta de apoio dentro de seu partido, ele disse, sem citar nomes, que a resistência é de quem já não concordava com seu nome antes de ser escolhido candidato. 

Caso se confirme o que prevê suas pesquisas internas, Meirelles afirmou que, se eleito, pretende tomar três medidas iniciais: nomear uma equipe “dos sonhos”, retomar as reformas “fundamentais” da Previdência e tributária e, finalmente, focar no Congresso as discussões de quinze projetos para aumentar a produtividade do país. O ex-ministro da Fazenda aproveitou para posicionar-se contra a volta da CPMF, defendida por Paulo Guedes, economista de Bolsonaro. “É um imposto ineficiente, que diminui a produtividade do país. Ele incide de uma maneria errática e isso prejudica mais as pessoas de menor renda.”

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