Após o ministro da Secretaria de Governo, Antonio Imbassahy (PSDB), pedir exoneração do cargo, nesta sexta-feira, o deputado federal Carlos Marun (PMDB-MS) deve ser nomeado pelo presidente Michel Temer (PMDB) para a pasta. Aliados de Marun na base aliada confirmam que ele é o escolhido de Temer e dizem que ele tomará posse na próxima quinta-feira. A data teria sido marcada em função da apresentação do relatório da CPMI da JBS, que cabe ao peemedebista, como relator, e deve ser feita no início da próxima semana.
Apoiado pela bancada do PMDB na Câmara, Carlos Marun nega ter sido convidado oficialmente pelo presidente a ocupar a pasta. No final de novembro, o perfil do Planalto no Twitter chegou a anunciar que o deputado substituiria Antonio Imbassahy. O tuíte foi apagado depois que, diante do vazamento da informação, Temer decidiu suspender a troca para ampliar consultas a aliados.
A Secretaria de Governo cuida da articulação política do Palácio do Planalto com o Congresso. A principal tarefa de Marun nos próximos dias será negociar votos a favor da reforma da Previdência, que, segundo o presidente, deve ser votada no plenário da Câmara entre os dias 18 e 19 de dezembro. O governo ainda não tem os 308 votos necessários à aprovação das mudanças nas aposentadorias e, nos últimos dias, intensificou as tratativas com partidos da base aliada.
Além de indicado pelo PMDB, o nome de Carlos Marun agrada ao chamado Centrão, conjunto de siglas médias que dão sustentação a Temer no Legislativo. Líderes do grupo promoveram um boicote a Imbassahy nos últimos meses, desde que a divisão interna no PSDB entre governistas e oposicionistas se tornou mais evidente. A carta com o pedido de exoneração do tucano foi entregue ao presidente na véspera da convenção nacional tucana, marcada para este sábado, que deve sacramentar a saída do partido da base aliada do governo Temer.
Do baixo clero ao Planalto
Membro da tropa de choque do governo no Congresso, Carlos Marun está no primeiro mandato na Câmara e, até entrar no círculo de parlamentares mais próximos do presidente, integrava o chamado “baixo clero” da Casa, grupo de deputados sem maior expressão política.
Marun ganhou notoriedade por ser o maior defensor do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) no processo que levou à cassação do mandato dele. Cunha está preso em Curitiba há mais de um ano e já foi condenado na segunda instância na Operação Lava Jato pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Carlos Marun chegou a visitar o aliado na cadeia, viagem bancada com dinheiro da Câmara – que ele devolveu depois.
Além de defender Eduardo Cunha, Marun foi um dos líderes da articulação pela derrubada, na Câmara, das duas denúncias da PGR contra Michel Temer. Após a votação da segunda acusação da PGR contra o presidente, pelos crimes de organização criminosa e obstrução de Justiça, o deputado foi filmado cantando e dançando no plenário, em comemoração da decisão da Casa de não permitir que a denúncia seguisse ao Supremo Tribunal Federal (STF).
No vídeo, o peemedebista entoa uma paródia de Tudo Está no Seu Lugar, música que ficou conhecida na versão de Benito di Paula e provoca a oposição. “Tudo está no seu lugar. Graças a Deus, graças a Deus. Surramos mais uma vez essa oposição, que não consegue nenhuma ganhar”, entoou para as câmeras o parlamentar, antes de bater palmas e sair de cena (assista abaixo).
Ao ascender politicamente, Carlos Marun foi indicado a posições de destaque no Congresso, como a presidência da Comissão Especial que debateu a reforma da Previdência e a relatoria da CPMI da JBS, que mira os executivos do Grupo J&F, cujas delações premiadas levaram a PGR a denunciar o presidente.
Leia aqui entrevista concedida por Marun a VEJA, em julho.