Depois de registrar gastos oficiais na casa dos 2,8 milhões de reais na campanha presidencial de 2018, Jair Bolsonaro se prepara para despejar investimentos inéditos na área de marketing a fim de tentar destronar o favoritismo do petista Luiz Inácio Lula da Silva ao Palácio do Planalto. Dos cerca de 150 milhões de reais estimados para o primeiro e o segundo turnos em outubro, o ex-capitão estima que aproximadamente 80% serão destinados exclusivamente para a reconstrução de sua imagem e para defesa do acervo de seu governo.
O principal foco de investimentos, disse a VEJA o vice-presidente do PL, deputado Capitão Augusto (SP), serão as contratações de profissionais especializados em pesquisas eleitorais e de equipes de imagem e de edição dos programas eleitorais. “Não é à toa que os marqueteiros já foram astros das campanhas políticas”, afirmou.
Ao contrário de 2018, em que na onda lavajatista Bolsonaro se apresentou como um outsider compromissado com o combate à corrupção, na função de incumbente terá de se apresentar de volta ao eleitor listando eventuais conquistas do governo – o Executivo contabiliza neste rol a compra de vacinas contra a Covid, a criação do Pix e a aceleração de obras de infraestrutura – e explicando por que promessas de campanha não foram cumpridas. “Em uma reeleição temos que mostrar que o governo fez, o que prometeu e o que cumpriu e explicar por que não conseguiu cumprir o que prometeu. Para isso precisamos de tempo”, disse a VEJA o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), um dos coordenadores da campanha à reeleição.
Com o governo desaprovado por 56% do eleitorado, segundo pesquisa PoderData do início do mês, o Zero Um assume hoje uma espécie de mea-culpa sobre a imagem do governo do pai. “Faltou mais investimento em propaganda, na TV aberta, nas rádios e nos jornais. Faltou dinheiro neste tipo de propaganda”, diz. O erro, se depender de Flávio, não se repetirá na disputa deste ano.