Prestes a ter que enfrentar nova batalha contra uma denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) na Câmara dos Deputados, o presidente Michel Temer (PMDB) pode contar com a inesperada animosidade do chefe da Casa, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ). Maia fez duras críticas a Temer por causa do comportamento da sua legenda e insinuou que ele faltou com a palavra com ele e o DEM: “A gente não pode ficar levando facada nas costas do PMDB, principalmente de ministros do palácio e do presidente do PMDB”.
O presidente da Câmara deixou claro que o comportamento de Temer, que não cessou o assédio a deputados do PSB que negociavam migração para o Democratas, pode causar uma mudança de postura dos deputados da legenda. “Se é assim que eles querem tratar um aliado, eu não sei o que é um adversário. Quero que isso fique registrado, para que, quando a bancada do Democratas tiver uma posição divergente, o governo entenda. Há uma revolta muito grande na bancada, não virou rebelião ainda, mas há revolta”, afirmou.
A gota d’água foi o convite para a filiação do deputado Marinaldo Rosendo (PSB-PE) ao PMDB, feito na tarde desta quarta-feira. Ao saber da “facada”, Rodrigo Maia não perdoou e lembrou que o presidente foi a sua casa prometer que a legenda não interferiria nas negociações do DEM. “Quando a gente faz um acordo, tem de cumprir a palavra. A coisa mais importante da política é a palavra. Eu já avisei o presidente, isso causou muito desconforto dentro da bancada”, disse o parlamentar.
‘Digital’
Essa foi a segunda vez em um mês que os peemedebistas vão à guerra e tentam tirar políticos da órbita do partido do presidente da Câmara. No começo de setembro, o PMDB filiou o senador Fernando Bezerra e o filho dele, o ministro de Minas e Energia Fernando Filho, ambos que antes pertenciam ao PSB. Ambos também negociavam uma mudança para o partido de Rodrigo Maia.
O deputado destacou o fato da filiação de Bezerra ter contado com a presença dos ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência), além de ter sido patrocinada pelo líder do governo no Senado, Romero Jucá (RR), o que deixou claro uma “digital” do Planalto. “Mandei mensagem para o presidente Temer falando da ação do presidente do PMDB [Jucá] e de alguns ministros do palácio”, afirmou.
(Com Estadão Conteúdo)