Na reta final de campanha, o ex-presidente Lula (PT) tem sido cobrado a detalhar seu programa econômico e anunciar nomes que pretende escalar para sua equipe, sobretudo para o Ministério da Economia (ou Fazenda). Até aqui, o petista resistiu à pressão. Numa entrevista, ele declarou ter aprendido com o ex-deputado Ulysses Guimarães que não se fala desse assunto antes da votação, sob pena de ser derrotado ou, em caso de vitória, ser incapaz de governar.
Outra muleta usada por Lula para fugir da questão é o próprio Jair Bolsonaro (PL). O ex-presidente alega que não tem como apresentar propostas enquanto não conhecer o real estado das contas públicas, que estariam cada vez mais debilitadas diante do aumento de benefícios concedidos pelo governo a fim de turbinar a reeleição do atual mandatário. Sem ter a dimensão exata da herança maldita nas finanças públicas, não haveria como desenhar um plano econômico, argumenta o petista.
Essas alegações não soaram convincentes até agora. Prevalece por enquanto a percepção de que Lula silencia sobre o tema porque suas poucas declarações a respeito de assuntos econômicos durante a campanha não repercutiram bem entre empresários, banqueiros e expoentes do PIB. Entre elas, as genéricas promessas de abrasileirar a Petrobras, reformar o teto de gastos e revisar a reforma trabalhista.
O fato é que Lula não detalha sua proposta porque entende que ela pode lhe tirar votos. Alguns de seus aliados discordam dessa avaliação e afirmam que a dúvida sobre como será a condução da política econômica é que pode prejudicar a campanha do petista.