‘Lula quer oxigenar o Congresso’, diz Soraya Thronicke
Eleita como a 'senadora de Bolsonaro', a parlamentar agora busca apoio do presidente da República para se eleger presidente do Senado
A dez meses da eleição para a presidência do Congresso, a senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) foi a única que até agora se lançou formalmente como candidata ao posto. Como mostra uma reportagem de VEJA desta semana, ela pretende se apresentar como uma alternativa à polarização entre petistas e bolsonaristas — uma espécie de terceira via. A parlamentar já está em campanha, diz que quer ser a primeira mulher a comandar o Legislativo em 200 anos de história e que já teria recebido, inclusive, o aval do presidente Lula.
A senhora disse que recebeu sinal verde do presidente para lançar sua candidatura. Como foi isso? Foi uma conversa rápida, de a gente ter que ter posição, da necessidade de renovação, e ele concordou com isso. Renovação para que tenhamos uma boa relação com o poder Executivo, com o poder Judiciário. É importante oxigenar. O poder não pode ficar sempre nas mãos das mesmas pessoas — e o presidente também acha isso.
Mas, até onde se sabe, o candidato do Planalto é o senador Davi Alcolumbre (União Brasil-RR), ex-presidente do Congresso. Realmente eu fiquei surpresa com essa notícia, porque eu já sabia que não havia apoio do presidente para ele. Fui averiguar e realmente não há. É uma notícia inverídica. O governo não vai se intrometer.
A senhora ouviu isso do presidente? Como eu disse, o presidente também gostaria de uma renovação. Ele não vai se meter na eleição do Senado, quer oxigenar o Congresso e apoia a eleição de uma mulher.
O senador Alcolumbre, no entanto, é o preferido, inclusive da bancada governista. Formalmente, ele nunca pegou o microfone no plenário e se colocou como candidato. Hoje eu fui à Comissão de Constituição e Justiça para encontrar o senador Alcolumbre. Dei um abraço nele e falei para que eu quero o apoio dele. Eu o apoiei durante quatro anos. Agora é hora de ele me apoiar.
A senhora foi eleita com o apoio do presidente Bolsonaro e agora se aproxima de Lula. Não há uma aí uma contradição? Não abandonei nenhuma bandeira que me elegeu, quem abandonou foi Bolsonaro. Sou uma parlamentar de direita, uma direita racional, liberal na economia. Essa polarização tem que acabar. O governo perdeu o controle sobre o Congresso. A oposição cresceu. Hoje, se você juntar o União Brasil com PL, com PP e com Republicanos são quase 300 parlamentares. É uma configuração que tem força, inclusive, para um processo de impeachment.