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Lula: palavra ‘propina’ foi inventada para prejudicar políticos

Petista afirma que doação empresarial em campanhas políticas é prática recorrente desde a proclamação da República e pede mudanças na legislação eleitoral

Por Da Redação
Atualizado em 4 jun 2024, 18h31 - Publicado em 24 jul 2017, 15h51

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta segunda-feira que a palavra “propina” foi “inventada” por empresários e pelo Ministério Público para “tentarem culpar os políticos”. Segundo ele, todos os políticos, “desde que foi proclamada a República”, usaram doações empresariais nas campanhas.

“A palavra propina foi inventada pelos empresários para tentarem culpar os políticos. Ou pelo Ministério Público. Por tudo o que leio na imprensa, todas as campanhas do Brasil sempre foram feitas [com financiamento de empresas]”, disse o ex-presidente em entrevista à rádio Tiradentes do Amazonas, transmitida ao vivo pelo Facebook de Lula. “A diferença é que agora transformaram as doações em propina, então tudo ficou criminoso”.

O petista defendeu, ainda, a criação de um fundo público eleitoral, em discussão na Câmara. “Se os políticos não tiverem coragem de mudar a legislação eleitoral, de criar um fundo de financiamento de campanha para que não fiquem mais dependentes de empresário, o Brasil não vai ter jeito”, disse.

Sem falar diretamente em caixa 2, Lula disse que o candidato que prestou contas à Justiça Eleitoral sobre doações empresariais e  teve as  contas aprovadas não tem culpa. “Quando o empresário deu o dinheiro, certamente ele não disse ‘vou te dar o dinheiro, mas é propina’. Se ele avisasse e o candidato aceitasse, deveria ser preso o empresário e o candidato”, disse o ex-presidente, que questionou: “Se ele (empresário) deu dinheiro, o candidato colocou na prestação de contas e a Justiça Eleitoral aprovou, que culpa tem esse candidato?”

O ex-presidente voltou a negar que soubesse de casos de corrupção dentro do partido. “Tem muitas coisas que acontecem dentro da sua casa, na sala do lado do seu trabalho, e você não sabe. Você não é obrigado a saber”, disse.

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Condenado a nove anos e seis meses de prisão pelo juiz Sergio Moro e com seus bens bloqueados a pedido do magistrado, Lula afirmou que irá recorrer das decisões em segunda instância. “Vamos ver se desmontamos isso”, disse o petista, que voltou a chamar o processo de mentiroso. “Seria muito mais barato para o Brasil se eles tivessem acreditado quando eu disse que o apartamento [tríplex do Guarujá] não era meu”.

Impeachment de Dilma

Na entrevista, Lula voltou a criticar o processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), mas fez ressalvas também ao segundo mandato da petista que, segundo ele, veio após uma “campanha muito nervosa e muito radicalizada”.

“Depois das eleições, a gente percebeu que a Dilma fez algumas coisas que não estavam no discurso que agradou tanto a esquerda para lhe apoiar em 2014. Começamos a ter um problema de queda das pesquisas dr opinião pública, queda da economia e queda do emprego, até que veio o impeachment da companheira Dilma, que foi uma coisa ilegal”, disse.

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Para o petista, “foi triste ver tantos amigos da Dilma votarem pelo impeachment”, o que chamou de um “erro histórico” com o país. Disse, ainda, que nas próximas eleições o partido atuará de forma separada de outras siglas para delimitar as estratégias.

“Nessas eleições agora, pedi para o PT saísse separado para demarcar nosso discurso. Porque senão dá a impressão de que está todo mundo na mesma bacia e não é verdade. É preciso que a gente mostre a diferença política nesse momento.

(Com Estadão Conteúdo)

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