Relâmpago: Revista em casa por 8,30/semana

Lula e Bolsonaro reafirmam planos eleitorais, mas maioria quer ambos longe das urnas

Pesquisa mostra que, apesar da polarização, mais de um terço da população não se identifica nem com o petismo nem com o bolsonarismo

Por Laísa Dall'Agnol Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 15 jun 2025, 08h00

Em que pesem as dificuldades crescentes que enfrentam, Lula e Bolsonaro vêm reafirmando, com palavras e ações, que pretendem disputar a eleição no ano que vem. O voluntarismo com que se articulam para isso, no entanto, contrasta com a vontade do eleitorado, que exibe sinais cada vez mais claros de que é crescente a fadiga com os dois políticos que lideraram a polarização recente no país. Segundo pesquisa Quaest de junho, dois em cada três brasileiros defendem que nem o presidente nem o ex-­presidente devem se candidatar novamente (veja o quadro).

O levantamento mostra ainda uma fragmentação ideológica do eleitorado, mas chama atenção para o fato de que mais de um terço não se identifica nem com o petismo nem com o bolsonarismo. Entre os que admitem ter posicionamento ideológico, 38% afirmam que são de direita ou de esquerda, mas nem lulistas nem bolsonaristas — um contingente que abre caminho para alternativas, tanto à direita quanto à esquerda.

APOSTA - Michelle: segundo Bolsonaro, ex-primeira-dama “não é bolsonarista”
APOSTA - Michelle: segundo Bolsonaro, ex-primeira-dama “não é bolsonarista” (Beto Barata/PL//)

No campo da direita, a crescente pulverização do eleitorado é vista com otimismo misturado com cautela. A mesma Quaest animou os possíveis presidenciáveis ao mostrar que todos cresceram, em relação à rodada anterior, como opções caso Bolsonaro não seja candidato — hoje ele está inelegível. Três deles aparecem empatados tecnicamente com Lula em um eventual segundo turno: os governadores Tarcísio de Freitas (São Paulo), Ratinho Jr. (Paraná) e Eduardo Leite (Rio Grande do Sul). Outros dois governadores, Ronaldo Caiado (Goiás) e Romeu Zema (Minas Gerais), se mostraram competitivos contra o petista.

A movimentação desse grupo, embora ainda discreta, é crescente. O que impede esses postulantes de avançarem, por enquanto, é justamente a advertência do ex-presidente de que é ele o candidato — com isso, nenhum postulante a herdeiro dos votos da direita se animou a comprar briga com o seu maior representante. Mesmo com a restrição, o fato de a maior fatia do eleitorado não querer Bolsonaro candidato foi vista como mais uma sinalização de que a largada poderá ser dada em breve. Talvez em razão desse cenário, Bolsonaro causou uma certa surpresa na semana passada ao dizer que a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, que pode ser apoiada por ele ao Planalto, “não é bolsonarista”. “Não existe bolsonarista. Tem conservador, direita. Sempre existiu, mas não tinha uma forma. Nós demos uma forma a esse pessoal”, afirmou.

Continua após a publicidade

Se no campo da direita os grandes motivos para o eleitor descartar Bolsonaro talvez sejam a sua inelegibilidade e os seus problemas com a Justiça, à esquerda o problema é o próprio desempenho de Lula em seu terceiro mandato. A desaprovação ao seu governo chegou a 57% em maio, o maior índice do atual governo. Escândalos como o do INSS não ajudam, reconhecem aliados, que avaliam, no entanto, que ainda há muito que pode ser feito para mudar a imagem da gestão, sobretudo em um contexto em que não há nomes competitivos na esquerda.

O cenário atual lembra um pouco o que se viu em 2022, quando se apostou na chamada “terceira via”. Nomes como João Doria, Sergio Moro e Ciro Gomes tentaram se viabilizar batendo na tecla “nem Lula, nem Bolsonaro”, mas não conseguiram — Simone Tebet foi a melhor do centro no primeiro turno, com 4% dos votos. Até por isso, as simulações de segundo turno da última pesquisa precisam ser vistas com cautela. A leitura é a de que o desempenho de um candidato no embate direto na rodada final de votação não demonstra seu próprio potencial, mas é fruto da rejeição ao outro. “O eleitor não quer Lula nem Bolsonaro, mas não existe príncipe encantado”, avalia Murilo Hidalgo, diretor do Paraná Pesquisas. É verdade que as sondagens recentes mostram a insatisfação com a polarização e o desgaste dessas lideranças, mas será enorme o desafio dos postulantes em se viabilizar politicamente e, sobretudo, convencer o eleitorado a testar outras alternativas à direita ou à esquerda.

Publicado em VEJA de 13 de junho de 2025, edição nº 2948

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 9,90/mês*
OFERTA RELÂMPAGO

Revista em Casa + Digital Completo

Receba 4 revistas de Veja no mês, além de todos os benefícios do plano Digital Completo (cada edição sai por menos de R$ 9)
A partir de 32,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a R$ 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.