Lira diz que direita e bolsonarismo perderam com 8 de janeiro
Seis meses após os ataques, o presidente da Câmara avalia que atos representaram uma derrota para os movimentos de apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro
Reportagem de VEJA desta semana traz depoimentos exclusivos de representantes dos três poderes sobre as suas reações particulares e os desdobramentos provocados pelo 8 de janeiro, dia em que vândalos invadiram e depredaram o Congresso, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal (STF).
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), disse que, em doze anos como deputado, nunca tinha visto uma manifestação tão violenta como aquela e fez críticas ao movimento, encabeçado por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro que não aceitavam o resultado das eleições.
“Serviu de alerta para alguns movimentos, não ajudou em nada. Eu sempre coloquei que aquele era um movimento muito radical que não representa o pensamento médio da direita no Brasil. Nem todas as pessoas conservadoras pensam e agem daquela maneira, muito pelo contrário. Aquele movimento não era um movimento de pensamento geral, era um movimento radical e, como tal, deve ter o tratamento duro e rigoroso da lei”, afirmou o deputado.
Lira apoiou a reeleição de Bolsonaro no ano passado, e seu partido compôs a coligação de apoio à candidatura do então presidente. Em sua avaliação, os atos do 8 de janeiro “vão de encontro a tudo o que a gente prega” e não representam o pensamento médio da direita.
“Acho que a direita e o bolsonarismo perderam. Porque, no primeiro momento, a associação foi latente, direta. Mas eu não posso ser irresponsável de dizer que aquilo representa a vontade de todo mundo que pensa como a direita”, afirmou. O presidente da Câmara considera a revolta com o resultado eleitoral “compreensível”, mas disse que aquela reação não foi “aceitável”.
Ele, em outra frente, fez críticas aos órgãos de controle – tanto os do governo federal quanto os do Distrito Federal – e disse que, apesar dos alertas de uma manifestação violenta, não houve nenhum reforço na segurança.
“Eu penso que o 8 de janeiro vai ficar para a história. Eu só peço e trabalho que passe para a história sem versões, com a realidade nua e crua do que aconteceu, e com seus responsáveis penalizados”, disse.