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Kopenhagen diz que não faz auditoria financeira de franquias

Marca de chocolate também informou que tem colaborado com as investigações

Por Eduardo Gonçalves Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 20 dez 2019, 16h29 - Publicado em 20 dez 2019, 16h17

Uma das frentes de investigação do Ministério Público do Rio de Janeiro é a contabilidade de uma loja Kopenhagen, de propriedade do senador Flávio Bolsonaro desde 2015, que fica no shopping Vila Parque, na Zona Oeste do Rio. A promotoria suspeita que o parlamentar utilizava o estabelecimento para lavar o dinheiro do esquema de “rachadinha” que supostamente funcionava em seu gabinete. O senador rebateu as acusações, dizendo que não faz sentido nenhum branquear valores por meio de uma franquia. “Isso é um absurdo, uma leviandade. Se eu quisesse lavar dinheiro eu iria abrir uma franquia? Que tem um controle externo da franqueadora, que tem auditoria… Eu iria abrir uma outra atividade qualquer que não devesse satisfação para ninguém”, afirmou o senador.

A Kopenhagen informou nesta sexta-feira que não faz auditoria financeira das suas mais de 400 franquias no país, entre elas a Bolsotini Chocolates e Café, LTDA, de Flávio Bolsonaro. Segundo a marca de chocolates, as auditorias realizadas se concentram na parte operacional das unidades, que envolve o atendimento e a qualidade dos seus produtos. “A marca possui sob sua gestão mais de 400 lojas franqueadas espalhadas por todo o Brasil, sendo assim a gestão contábil e financeira de cada uma delas compete apenas e tão somente ao próprio franqueado”, diz nota enviada pela marca.

Na última quarta-feira, policiais cumpriram um mandato de busca e arrombaram a porta da loja de Flávio para recolher documentos que possam eventualmente interessar às investigações. Enquanto a franqueadora não faz a auditoria financeira das lojas, o shopping as faz para cobrar o “aluguel percentual “que é calculado conforme o desempenho de cada empreendimento.

Cruzando as informações dos relatórios do shopping com as declarações da loja feitas à Receita Federal, a promotoria concluiu que há “divergência de valores” da ordem de 1,6 milhão de reais que “corresponde aos recursos de origem ilícita inseridos artificialmente no patrimônio da empresa”, de acordo com os mandados decretados na quarta-feira.

A promotoria também detectou uma desproporção no volume acima da média de depósitos em dinheiro vivo na conta da loja em comparação com os recebimentos feitos por meio de cartões de débito e crédito, “meio de pagamento mais usual em lojas dessa natureza”. Os depósitos em espécie representaram 37,54% do faturamento da loja entre 2015 e 2018. Segundo um administrador da C2S Empreendimentos, que vende franquias da Kopenhagen, a proporção é de 20% em média neste tipo de estabelecimento. Flávio ficou irritado com essa suspeita, e rebateu: “A loja recebeu muitos depósitos em dinheiro. É óbvio, enêrgumenos. É um comércio. As pessoas pagam em dinheiro também”.

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Sobre esta questão, a Kopenhagen disse que não calcula esse tipo de porcentagen, pois “não é relevante para a marca o acompanhamento individualizado sobre quais os meios e modalidades de pagamento que cada franquia possui”. A empresa também reiterou que tem colaborado com as investigações, mas não detalhou como tem sido feita essa cooperação pelo fato de o processo estar em sigilo de Justiça.

O presidente Jair Bolsonaro também comentou nesta sexta-feira sobre a loja do filho. “As franquias são controladas. Não é o cara que abre uma franquia e a matriz abandona. Ninguém lava dinheiro em franquia”, disse ele. Apesar da declaração do presidente, casos de lavagem de dinheiro por intermédio de franquias não são tão raros no país. A Lava Jato do Rio, por exemplo, investigou algumas empresas da rede de franquias do curso de inglês Brasas pela suspeita de emitirem notas frias para um operador do ex-governador Sérgio Cabral. Na operação Carne Fraca, um dos alvos foi acusado de lavar dinheiro por meio de uma franquia do Subway.

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