Junto com MDB, Alcolumbre apostou suas fichas na derrota de Bolsonaro
Senador chegou a dizer que, caso André Mendonça fosse derrotado, presidente não teria força para impor um segundo nome
A resistência do senador Davi Alcolumbre (DEM-AP) em pautar a indicação de André Mendonça ao Supremo Tribunal Federal (STF) na Comissão de Constituição e Justiça do Senado fez parte de uma articulação que envolveu parlamentares de diversas matizes, incluindo aliados do governo. O objetivo era fragilizar o presidente Jair Bolsonaro (PL) e forçar para que ele indicasse o procurador-geral da República, Augusto Aras, para o posto. Aras tem boa relação com o Congresso e com os ministros do governo.
Presidente da CCJ, Alcolumbre demorou cerca de quatro meses para colocar o nome de Mendonça para ser sabatinado pelos colegas. A etapa antecede a votação em plenário, que só ocorreu no último dia 1, quando ele foi aprovado com 47 votos, seis a mais do que precisava.
Alcolumbre e um grupo de senadores do MDB se uniram para trabalhar nos bastidores contra Mendonça. Renan Calheiros (AL), Eduardo Braga (AM) e até mesmo o líder do governo na Casa, Fernando Bezerra Coelho (PE) articularam com Alcolumbre para derrotar Bolsonaro.
Nas conversas com os colegas, Alcolumbre chegou a dizer que, caso Mendonça fosse derrotado, Bolsonaro não teria força para impor um segundo nome ao Senado. O presidente estaria então mais suscetível a aceitar uma indicação feita em acordo pelo Congresso –que, no caso, seria Augusto Aras.
Em sua campanha contra Mendonça, Alcolumbre disse a colegas que, derrotando o governo, seria possível “colocar gente nossa”. No entanto, o senador acabou perdendo força após VEJA revelar o esquema de rachadinha que ocorreu em seu gabinete.
“Gente nossa”, de acordo com o congressista amapaense, significava, entre outra coisas, alguém que não tivesse nenhum tipo de admiração pela Operação Lava-Jato — o que não é o caso de André Mendonça, que toma posse no próximo dia 16, quinta-feira.