O líder do governo Michel Temer (PMDB) no Senado, senador Romero Jucá (PMDB-RR), classificou como “um ato de despedida do procurador-geral” a decisão de Rodrigo Janot de oferecer denúncia ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra ele, em inquérito da Operação Zelotes relatado pelo ministro Ricardo Lewandowski e que tramita em sigilo. O mandato de Janot termina em 17 de setembro.
“Deixe eu falar uma coisa pra vocês. Eu estou muito tranquilo com qualquer denúncia e não tenho nenhum temor”, respondeu Jucá, ao sair do Palácio do Planalto. Depois de avisar que quem fala sobre essas questões jurídicas é o seu advogado, o senador reiterou que espera que o Supremo analise as questões, quando poderá se certificar de “não há nenhum motivo para isso (denúncia)”.
Jucá era investigado, no caso que originou a denúncia, por suposto favorecimento ao Grupo Gerdau em uma Medida Provisória, em troca de doações eleitorais. Além dele, são investigados no mesmo caso os deputados Alfredo Kaefer (PSL-PR) e Jorge Côrte Real (PTB-PE). Não há detalhe sobre a acusação feita pela PGR, em razão do segredo de Justiça.
A Operação Zelotes detectou indícios de que o senador alterou a MP 627, de 2013, para beneficiar a siderúrgica. Jucá era o relator do texto, que mudava as regras de tributação dos lucros de empresas no exterior. Os deputados apresentaram emendas que beneficiaram o grupo, segundo os investigadores. E-mails apreendidos pelos investigadores na sede da Gerdau mostraram que a alteração feita na MP foi sugerida pela própria empresa. Os três congressistas e a siderúrgica negam irregularidades.
Além desse inquérito, Romero Jucá é alvo de outra investigação da Zelotes no STF e responde a outros oito inquéritos da Operação Lava Jato no Supremo. O advogado criminalista Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, que defende Jucá, diz que ainda não teve acesso à denúncia, mas que está “tecnicamente muito tranquilo”. “Acompanhei todo esse inquérito e não tinha nenhum indício que justificasse uma denúncia. Para mim é uma surpresa, esperávamos que houvesse arquivamento. Quero crer que isso faz parte da estratégia anunciada por Janot, de que iria usar todas as flechas enquanto houvesse bambu”, afirma.
(Com Agência Brasil e Estadão Conteúdo)