Itamaraty suspende envio de notícias do Brasil a diplomatas no exterior
Serviço diário reunia as principais informações publicadas pela imprensa brasileira; o clipping com veículos internacionais continua sendo feito
O Itamaraty interrompeu desde o dia 3 de março o serviço diário de clipping que reunia as principais informações publicadas pela imprensa nacional sobre o país e as suas relações exteriores. A medida foi tomada pelo chanceler Ernesto Araújo no momento em que o presidente Jair Bolsonaro elevou o tom das críticas feitas a jornalistas.
No dia seguinte à decisão de Araújo, Bolsonaro se recusou a responder perguntas sobre o crescimento tímido de 1,1% do PIB no primeiro ano do seu governo. Na ocasião, o presidente levou o humorista Márvio Lúcio dos Santos, o “Carioca”, para distribuir bananas aos jornalistas que trabalhavam em frente ao Palácio da Alvorada.
O clipping era feito pela assessoria de imprensa do Itamaraty e podia ser acessado pelos funcionários que possuem acesso à rede interna do ministério. Ele também era enviado para os embaixadores que estão no exterior e não têm tempo de conciliar o trabalho com a leitura diária de todos os jornais e revistas brasileiros.
O Itamaraty diz que “o clipping nacional foi suspenso para reavaliação de sua efetividade e formato”. Não houve, no entanto, alterações em relação ao clipping de notícias produzidas pelos veículos de imprensa internacionais. O serviço que reúne reportagens publicadas no exterior continua sendo atualizado diariamente pelo ministério.
Antes de suspender o clipping, Ernesto Araújo já havia ordenado que o jornal Folha de S.Paulo não fosse mais incluído no serviço. A retaliação ocorreu após Bolsonaro ter cancelado as assinaturas do jornal feitas pela administração federal. O chanceler pertence ao núcleo ideológico do governo e foi indicado ao cargo pelo polemista Olavo de Carvalho, outro crítico contumaz da imprensa brasileira.