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Ibaneis Rocha, do DF: ‘Estou preferindo ouvir as autoridades sanitárias’

Governador do Distrito Federal afirma que parou de assistir às declarações de Bolsonaro e comenta contaminações na comitiva aos Estados Unidos

Por Marcela Mattos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 26 mar 2020, 10h34 - Publicado em 25 mar 2020, 22h14
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  • Centro do poder político, o Distrito Federal lidera o ranking nacional de casos de coronavírus a cada grupo de 100.000 habitantes. Nesta quarta-feira, o Ministério da Saúde apontou que o DF tem 160 habitantes contaminados com a Covid-19 – o que representa uma média de 5,3 casos a cada 100.000 pessoas. Diante desse cenário, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), afirma que não vai recuar das medidas de contenção e que parou de assistir às declarações de Jair Bolsonaro – na terça-feira, o presidente foi à cadeia de rádio e televisão para defender o afrouxamento nas regras adotadas pelos estados para evitar o avanço do vírus. Para o governador, é mais valoroso ouvir as autoridades sanitárias e econômicas. E Bolsonaro, diz, “não é nem uma nem outra”.

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    Ibaneis, que foi o primeiro governador a impor medidas de restrição para conter o número de infecções, discorre sobre a falta de capacidade da rede pública para suportar um aumento significativo no número de internações e destaca preocupação especial ao fato de a capital abrigar todos os poderes da República – entre eles, a Presidência. “Vinte e dois desses casos, ou três que vieram diretamente para cá, vieram na mala do presidente, que voltava dos Estados Unidos”, afirmou. Ele solicitou ao Hospital das Forças Armadas a lista de todos os pacientes que testaram positivo para a Covid-19.

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    Confira a íntegra da entrevista.

    Qual a avaliação sobre o pronunciamento do presidente de terça-feira? Eu não estou assistindo mais o pronunciamento do presidente, não.

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    A ideia é ignorá-lo e adotar as próprias medidas? Cada um com a sua responsabilidade. Ele tem a dele, que é nacional, e eu tenho a minha, que é local. Eu respeito muito ele, gosto dele. Mas deixa o presidente falando aí. Nós estamos de boa.

    Dessa maneira não haverá um descompasso? Ele é o líder da nação – ou pelo menos deveria ser. Ele adota essa postura, fazer o quê? Neste momento, eu estou preferindo ouvir as autoridades sanitárias, que é o ministro [Henrique] Mandetta, e as autoridades econômicas. O presidente não é nem uma coisa nem outra.

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    O senhor, então, não vai adotar nenhuma mudança nas medidas de contenção? Não, nada. Eu posso fazer aqui tudo, diminuir ou aumentar de acordo com a nossa curva, que é técnica. Tenho vários especialistas analisando com base em protocolos internacionais e são eles que me apontam se eu devo restringir ou aumentar. Não faço nada da cabeça, eu só tomo as decisões.

    O senhor conversou com outros governadores? Eu tenho procurado evitar, porque cada estado tem a sua situação. Mas, fazendo uma comparação com outros estados, eu estou estourado. São Paulo tem mais de 800 casos e 44 milhões de habitantes. Já Brasília tem 3 milhões de habitantes e 160 casos. Então, no caso percentual, é de um para quatro. Tenho uma preocupação um pouco elevada em relação a isso, inclusive pelo fato de a gente abrigar todos os poderes da República, como a Presidência. Vinte e dois desses casos, ou três que vieram diretamente para cá, vieram na mala do presidente, que voltava dos Estados Unidos. E todos eles vêm a Brasília.

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    Conforme a lista enviada pelo Hospital das Forças Armadas, é possível identificar as autoridades contaminadas com a Covid-19? Eu não forneço os nomes de ninguém, é questão de privacidade. No caso do HFA, mandei peticionar na Justiça para que as autoridades confirmem se encaminharam todos os nomes. Isso vai depender do juiz.

    O senhor concorda com o presidente que o coronavírus é de fácil superação se não atingir os idosos? Também acho que supera fácil. Nós temos oito internados, e só tem um na rede pública em UTI. O problema não é esse. Mas, se chegar a mil casos em Brasília, e se você tiver o percentual de internados, que gira em torno de 20%, teremos 200 pessoas internadas. Alguns com possibilidade de UTI, outros, não. Agora, 200 leitos numa rede pública que já é um colapso, que já vive com outros problemas, é outra coisa. A dificuldade é essa. O número de internados é muito pequeno em relação aos contaminados, mas o problema é que a rede pública, tanto aqui quanto nos outros estados, já passa por dificuldades muito grandes. Não suporta.

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    O presidente tem adotado uma preocupação maior com a economia do que com a capacidade da rede pública. Ele tem um discurso. Se você pegar os atos dele e as falas, elas estão totalmente dissociadas. Fala uma coisa, mas a atitude é outra. Ele faz um discurso político, mas o discurso da parte técnica está perfeito. Ele está preocupado com o fim da crise e como ele vai sair politicamente dela. Ele não pode deixar cair a popularidade. Depois que cai, recuperar é mais difícil.

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