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Herança maldita e fala fora da bolha: a tática e a estratégia de Lula

Ataque ao Banco Central e à taxa de juros é o exemplo mais evidente de vacina política contra projeções de crescimento modesto

Por Laryssa Borges Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 11 abr 2023, 13h40 - Publicado em 11 abr 2023, 08h20

A cerimônia de comemoração dos primeiros 100 dias de governo ainda estava longe quando José Alencar começou sua cruzada contra a alta de juros. Por sete anos, dia sim, outro também, cabia ao empresário escolhido como vice no primeiro mandato de Lula a tarefa de pressionar para que o Banco Central praticasse taxas “de mercado” com as quais, dizia, seria possível garantir geração de emprego, crescimento econômico e distribuição de renda. Vinte anos depois, são do próprio presidente as críticas mais eloquentes contra o apetite da autoridade monetária. Em ambos os momentos, a estratégia embute o mesmo ardil: é uma espécie de vacina política contra o crescimento tímido projetado para o país em 2023.

Culpar um ente extra-Planalto – ainda mais autônomo e cujo presidente, Roberto Campos Neto, foi escolhido pelo rival Jair Bolsonaro – pavimenta o discurso de que a atual administração recebeu uma “herança maldita”, que poderia estar refletida, por exemplo, na retomada do fôlego da economia. Na primeira previsão do governo, o Ministério da Fazenda estimou crescimento de 1,61% para o PIB este ano, ante 2,9% de 2022. “O discurso é a vacina do presidente para o que vier de crescimento no ano”, diz um ministro. Na solenidade de 100 dias do terceiro mandato, Lula voltou a bater na mesma tecla, porém com alguns decibéis a menos: “Embora eu continue achando que 13,75% é muito alta a taxa de juros, continuo achando que estão brincando com o país, sobretudo com o povo pobre e sobretudo com os empresários que querem investir. Só não vê quem não quer”.

Atacar um tema que, para o senso comum, significa carestia também funciona, avaliam integrantes do governo, como fórmula para falar para fora da bolha que elegeu o petista. De fato, pesquisa Datafolha divulgada no início do mês aponta que 80% dos entrevistados dizem que Lula age bem ao pressionar o Banco Central pela redução da taxa de juros, enquanto 71% acreditam que a taxa básica de juros ao ano está mais alta do que deveria. Por caminhos diversos e com consequências políticas completamente diferentes, o mesmo aceno para fora da bolha vale para discursos mais sociais e, por óbvio, menos refratários à Faria Lima: medidas de estímulo a salários igualitários entre gêneros e ações de assistência a vítimas de violência são apenas alguns exemplos.

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