Grupo hacker diz que não houve sequestro de dados da Saúde
Célula ligada ao Anonymous analisou ataque aos servidores e concluiu que a página original foi substituída por outra hospedada no Japão

Uma célula de hackers ligada ao grupo Anonymous afirma o ataque aos servidores do Ministério da Saúde que deixou fora do ar diversas plataformas da pasta não se tratou de sequestro da base de dados do governo — um ataque conhecido como ransomware.
Segundo a célula, o que ocorreu foi um redirecionamento da página original do Ministério para outra que está hospedada no Japão. Nesse novo endereço, os autores do ataque colocaram uma imagem que dizia que “dados internos dos sistemas foram copiados e excluídos” e que o volume de informações seria de 50 terabytes. Essa página, no entanto, já não é mais exibida.
Embora as páginas do governo estejam fora do ar para acesso do jeito convencional, o grupo afirma que ela ainda está disponível através de um endereço IP, conjunto de números pelo qual os computadores “entendem” qual site os usuários querem acessar.
O ataque hacker ocorreu na madrugada desta sexta-feira, 10, e afetou os sistemas e-SUS Notifica (registra casos de Covid-19), o Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunização (PNI), ConecteSUS e emissão do Certificado Nacional de Vacinação Covid-19 e da Carteira de Vacinação Digital. Desde então, todas essas plataformas não estão funcionando e a previsão, segundo nota divulgada pelo Ministério da Saúde neste sábado, 11, é que elas sejam recuperadas e voltem ao ar na semana que vem.
O caso está em investigação pela Polícia Federal (PF) e pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e a informação de que não houve roubo de dados já foi confirmada pela PF. Por enquanto, o que se sabe além disso é que o grupo que assumiu a autoria do ataque se autodenomina Lapsus$ Group.
Por conta do apagão, o Ministério da Saúde suspendeu a entrada em vigor da portaria 661, que institui restrições para viajantes brasileiros e estrangeiros que chegam ao Brasil. Inicialmente, ela estava prevista para começar a valer hoje, sábado, 11. No entanto, passará a vigorar a partir do sábado,18. Até lá, serão exigidas somente a realização de testes RT-PCR 72 horas antes do embarque e de antígeno 24 horas antes. A exigência de apresentação do comprovante de vacinação e de cinco dias de quarentena está suspensa.
Célula da Anonymous já fez outros ataques
A célula ligada à Anonymous que detalhou o ataque ao Ministério da Saúde já assumiu a autoria de outras invasões a sites governamentais. As duas mais recentes, que ocorreram no fim de novembro e início deste mês, foram intervenções no portal da Assembleia Legislativa do Amapá e da Prefeitura de Rondolândia, no Mato Grosso. Na primeira, o grupo alterou o site com um banner que denunciava a prática de rachadinha por parlamentares. Já na segunda, o grupo invadiu o site de Rondolândia para criticar a atuação de grileiros em terras indígenas.