Governo rechaça pressão e descarta mudança no ministério
Para contornar as insatisfações de deputados, governo começou a distribuir cargos cobiçados de segundo escalão, como os comandos de Codevasf e Dnocs
Numa tentativa de ampliar sua base de apoio no Congresso, o presidente Lula cedeu espaços generosos a alguns partidos na formação de seu governo. O MDB, o PSD e o União Brasil, por exemplo, que não se aliaram ao PT na eleição presidencial de 2022, receberam cada um três ministérios. Não foi o suficiente para aplacar o apetite do parlamentares, especialmente do Centrão, que reivindicam mais espaço no primeiro escalão.
A pressão por uma reforma ministerial parte principalmente dos deputados, que se dizem sub-representados na Esplanada dos Ministérios e reclamam de um suposto privilégio dado aos senadores. A chiadeira é mais recorrente no União Brasil, que tem a terceira maior bancada na Câmara, com 59 integrantes, e não garante que votará em bloco a favor dos projetos do governo — a não ser, claro, que receba as contrapartidas esperadas.
Lula sabe da insatisfação, mas rechaça a possibilidade de mudar ministros. O presidente determinou a seus articuladores políticos que usem cargos de segundo e terceiro escalões para acalmar os parlamentares insatisfeitos, muitos deles próximos de Arthur Lira, comandante da Câmara. A estratégia já está em marcha.
Os deputados do União Brasil conseguiram o direito de manter o controle da Codevasf, estatal que se tornou queridinha das emendas de relator na gestão de Jair Bolsonaro. Já o Avante, legenda com bancada de apenas sete deputados, mas que fez coligação com o PT em 2022, assegurou a chefia do notório Dnocs. Outras negociações estão em curso. Lula aposta nelas para não ter de realizar uma reforma ministerial num governo que mal começou.