Governadores e parlamentares reforçam ato de Bolsonaro na Paulista
Até o momento, quatro chefes de Executivos estaduais devem dividir o palanque em apoio ao ex-presidente
A manifestação chamada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para este domingo, 25, na avenida Paulista, tem confirmada a presença de quatro governadores, do prefeito de São Paulo e dezenas de parlamentares. Convocado com o mote de “defender a democracia”, o ato tem como um dos seus maiores objetivos demonstrar o tamanho do apoio popular que o ex-presidente usufrui. A organização, encabeçada pelo pastor Silas Malafaia, aguarda cerca de 300 mil pessoas.
Quatro governadores são esperados na manifestação. De Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), e de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL) vão subir no trio elétrico com o ex-presidente. Bolsonaro vai pernoitar neste sábado, 24, no Palácio dos Bandeirantes, a convite de Tarcísio de Freitas (Republicanos), que também o acompanhará no ato. O último a confirmar presença foi Romeu Zema (Novo). O mineiro deve chegar em São Paulo no domingo, pouco antes do almoço.
Na ala dos parlamentares, alguns ex-ministros do governo Bolsonaro devem estar presentes: os senadores Ciro Nogueira (PP-PI, ex-Casa Civil), Marcos Pontes (PL-SP, ex-Ciência e Tecnologia) e Jorge Seif (PL-SC, ex-Pesca), e o deputado federal Ricardo Salles (PL-SC, ex-Meio Ambiente), que já flertou com o apoio do ex-presidente para uma empreitada em busca da Prefeitura de São Paulo. O atual ocupante da cadeira, Ricardo Nunes (MDB), também confirmou presença no ato deste domingo. Líder do PL na Câmara e recente alvo de uma operação da PF, o deputado federal Carlos Jordy (PL-RJ) também é uma presença confirmada.
Apesar do depoimento à Polícia Federal (PF) da última quinta, 22, ter acontecido sem intercorrências e com o silêncio de Bolsonaro sobre as lacunas do inquérito, ainda pairam algumas preocupações no ar, como a possibilidade da prisão do ex-presidente. Não à toa, a pedido dele próprio, faixas contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e contra o ministro Alexandre de Moraes estão proibidas. Organizadores do evento dizem que “todas as precauções estão sendo tomadas” para evitar uma eventual prisão.
Em cima do palanque, Bolsonaro deve reiterar o discurso de que há uma perseguição em curso — e promete usar um tom moderado, diferente do que já adotou nas últimas vezes em que esteve na avenida Paulista, no 7 de setembro de 2021 e 2022. Para este domingo, aliados dizem confiar na “maturidade” do ex-presidente. Uma das apostas tanto para o ato quanto para o futuro do PL é a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, que deve discursar em cima do trio.
Na avaliação do cientista político e diretor da Quaest, Felipe Nunes, Bolsonaro “está organizando um palanque para saber quem serão os apoiadores que estarão ao lado dele nas eleições de 2024 e de 2026. É um teste para a base política”. As principais lideranças do PL e os membros mais ideológicos da sigla também devem estar presentes. É o caso da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), que está afastada do núcleo do ex-presidente desde as eleições de 2022 e também está na mira da Polícia Federal. De acordo com um levantamento feito pelo Instituto Democracia em Xeque, o engajamento da parlamentar nas redes sociais é o maior dentre as lideranças da direita e supera, inclusive, o de Bolsonaro.
Para Leticia Capone, uma das diretoras da entidade, por mais que a organização do ato tenha moderado o tom, fake news e discursos de ataque às instituições “continuam sendo trabalhados nas redes sociais. A desinformação permanece em circulação”, principalmente entre os aliados da base de Bolsonaro. Um dos exemplos disso é a notícia falsa de que o presidente argentino, Javier Milei, e o ex-presidente dos EUA, Donaldo Trump, viriam para a avenida Paulista neste domingo. Nenhum dos dois confirmou presença.