O ministro do STF Gilmar Mendes comentou em live de VEJA, nesta sexta-feira, 9, as críticas de que os magistrados da Corte adotam uma postura de muita exposição, com declarações fora dos autos. Gilmar se defendeu e lembrou os ataques que o Supremo recebeu durante o governo de Jair Bolsonaro.
“Eu imagino o que teria ocorrido ao país se nós tivéssemos tido um tribunal calado diante de todas as diatribes que enfrentamos durante o governo Bolsonaro”, afirmou durante o programa Os Três Poderes. “Eu posso dizer por mim mesmo. Muitas vezes eu fiz declarações de enfrentamento. Fui eu, juntamente com o ministro Toffoli e o ministro Alexandre, que decidimos que precisávamos conceber a ideia do inquérito das fake news. Que não era bem-visto inicialmente por muitos dos colegas.”
Gilmar disse que que “muitas vezes tivemos que contrapor aquelas agressões que sofríamos”. “Os ataques que se fizeram ao Alexandre, o 7 de setembro e tudo mais. Sempre tendo como alvo o STF. Imaginem os senhores um tribunal silente nesse contexto”, continuou. “‘Ah, os juízes do Supremo não deveriam falar mais’. Talvez, não dar opinião sobre o jogo do Flamengo. Mas quando se trata de questões seriamente institucionais, em momento de crise, como não falar? Como não ponderar?”
Durante o programa, o ministro do STF comentou ainda a posição do TCU em relação a um relógio recebido pelo presidente Lula durante o primeiro mandato e seu possível impacto no inquérito do caso das joias de Bolsonaro, citou a falta de transparência das chamadas “emendas Pix” e fez duras críticas à força-tarefa da Lava-Jato.
A retomada dos trabalhos do STF e os preparativos para as eleições municipais estão entre os temas do programa de VEJA. Com apresentação do editor Ricardo Ferraz, os colunistas Robson Bonin, Matheus Leitão e Ricardo Rangel analisam os principais fatos da semana.
A crise na Venezuela foi outro tópico debatido pela equipe de VEJA. Dias depois de um encontro com Lula, o presidente do Chile, Gabriel Boric, de esquerda, subiu o tom contra o regime de Nicolás Maduro. O mandatário afirmou não ter dúvidas de que o caudilho venezuelano “tentou cometer fraude” e declarou que se Maduro tivesse vencido “claramente” já teria divulgado as atas eleitorais. Enquanto isso, o opositor Edmundo González rejeitou a intimação do Supremo Tribunal de Justiça. O rival de Maduro no pleito disse que sua presença colocaria em risco a sua liberdade e “a vontade do povo venezuelano”.