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General indiciado usou elogios do atual comandante do Exército para se defender

Estevam Theophilo, que integrava o Alto Comando, visitou o ex-presidente Jair Bolsonaro pelo menos três vezes após a eleição

Por Marcela Mattos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 24 nov 2024, 17h51
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  • Dois meses antes de ser indiciado pela Polícia Federal, o general da reserva Estevam Theophilo recorreu a uma série de elogios feitos pelo atual comandante do Exército, general Tomás Paiva, para tentar se livrar das acusações de que articulou, ao lado de outros militares, um plano golpista para reverter o resultado das eleições de 2022.

    O general Theophilo juntou às investigações, em setembro, um discurso de despedida feito pelo comandante em dezembro de 2023, quando o militar passou para a reserva – à época, o nome dele ainda não havia sido tornado público nas investigações. Theophilo foi alvo de busca e apreensão em fevereiro deste ano.

    Ao despedir-se do colega de farda, o general Tomás Paiva apresentou um balanço da carreira militar e lembrou o episódio em que Theophilo “colocou em prática sua habilidade de negociação”  quando foi feito prisioneiro por tropas sérvias enquanto cumpria missão na antiga Iugoslávia.

    O comandante disse que Theophilo foi um militar “extremamente disciplinado, equilibrado em suas decisões e comprometido com a instituição”, que ele “demonstrou o verdadeiro valor do soldado” e “honrou as tradições” da força.

    Como parte da estratégia, Theophilo já havia anexado ao processo testemunhos de outros militares, entre eles os ex-comandantes Marco Antônio Freire Gomes e Júlio Cesar de Arruda – nestes casos, as cartas foram feitas a pedido e especialmente para compor o processo.

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    Nos bastidores do Exército, o general sempre foi blindado das acusações e tido como um militar exemplar. Ele integrava o Alto Comando durante o governo de Jair Bolsonaro e, na gestão Lula, chegou a assumir por diversas vezes a posição de comandante interino durante as missões internacionais do general Tomás Paiva.

    As investigações sobre o general Theophilo

    O general Estevam Theophilo chefiou o Comando de Operações Terrestres (Coter) até o fim de 2023 e, nessa função, era responsável por indicar o emprego das tropas militares.

    Ao fim das eleições, ele esteve ao menos três vezes no Palácio da Alvorada em reuniões com o ex-presidente Jair Bolsonaro. A PF investigou se, nesses encontros, o general se comprometeu a garantir o apoio militar em uma ação para reverter o resultado eleitoral. Ao mesmo tempo em que ocorria uma das reuniões, o ex-ajudante de ordens Mauro Cid relatou a um amigo, o coronel Bernardo Romão Corrêa Netto, que o general queria “fazer”, “mas desde que o presidente assine”.

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    Em depoimento à PF, o general rejeitou qualquer ação golpista e afirmou que todas as visitas a Bolsonaro foram relatadas ao general Freire Gomes – informação que foi negada pelo ex-comandante, que disse inclusive ter ficado “desconfortável” com a medida.

    Em fevereiro, o general Theophilo foi um dos alvos da operação de busca e apreensão. O pedido da PF havia sido expedido em novembro — dias depois, ele foi transferido para a reserva. Ele foi indiciado ao lado de outras 36 pessoas na última quinta-feira, 21, pelos crimes de tentativa de golpe e de abolição do Estado democrático e organização criminosa.

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