General eleito pede impeachment e prisão de ministros do STF
Deputado eleito pelo PSL no Rio Grande do Norte, Eliéser Girão usou Twitter para pedir 'destituição e prisão' de 'quem se vendeu ao mecanismo'
O general Eliéser Girão Monteiro Filho, deputado federal eleito pelo PSL no Rio Grande do Norte, defendeu o impeachment e a prisão de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) responsáveis pela libertação de políticos acusados de corrupção, como o ex-ministro José Dirceu, do PT, e os ex-governadores do Paraná Beto Richa e de Goiás Marconi Perillo, ambos do PSDB. Segundo ele, “o impeachment de vários ministros” se insere em um “plano de moralização das instituições da República”.
“Não tem negociação com quem se vendeu para o mecanismo”, escreveu Girão em sua conta no Twitter no último dia 11, em referência à série O Mecanismo, produzida pela Netflix, sobre a Lava Jato. “Destituição e prisão”, acrescentou. Questionado pela reportagem sobre a declaração, o general disse que o “Senado tem de cumprir o papel dele”.
O impeachment de ministros do Supremo deve ser votado pelo Senado e aprovado por dois terços da Casa. Ele é possível em caso de crime de responsabilidade, como proferir julgamento quando suspeito na causa ou exercer atividade político-partidária.
Um dos dois generais eleitos para a Câmara pelo PSL, partido de Jair Bolsonaro, Eliéser Girão teve 86.000 votos no Rio Grande do Norte. Ele se formou em 1976 na Academia Militar das Agulhas Negras e é próximo ao general Augusto Heleno Pereira, confirmado por Bolsonaro como ministro da Defesa caso seja eleito. Girão passou para a reserva em 2009, em protesto à retirada de fazendeiros da área da reserva indígena de Raposa Serra do Sol, em Roraima.
O militar também disse à reportagem que o “Brasil é um país onde a lei tem de ser respeitada por todos. Só porque alguém é presidente, ele deve responder apenas quando deixa a Presidência?”. Em seguida, disse que se referia ao presidente Michel Temer.
O militar citou ainda o caso dos ex-governadores tucanos soltos recentemente por decisão do ministro Gilmar Mendes. “Aí o cara é solto pelo ministro do Supremo. E você sabe que não manda soltar por acaso”, disse. Ele defendeu ainda a ideia de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso pela Lava Jato, seja retirado de sua cela na Superintendência da Polícia federal (PF) em Curitiba, e enviado para um presídio comum.
Girão também defendeu classificar as invasões de terras e propriedades urbanas pelo Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra como crime de “terrorismo”. “O (João Pedro) Stédile (líder do MST) foi recebido por Lula no Planalto e advogou a desobediência civil. Se eu estivesse lá, dava voz de prisão para esse cara.” O general disse que o país precisa voltar a ser uma “democracia plena, com a independência dos poderes para que as leis sejam cumpridas”. Para ele, a moralização deve “começar pelo Congresso”.