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Fufuca vira meme, é torpedeado e vê preconceito por idade

Presidente interino da Câmara tem 28 anos e sonha em aprovar a reforma política como legado de seu mandato de uma semana

Por Marcela Mattos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 31 ago 2017, 18h41 - Publicado em 31 ago 2017, 07h04
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  • A internet não perdoou: tão logo surgiu a notícia de que a Câmara dos Deputados seria comandada por um deputado chamado André Fufuca, o jovem congressista virou assunto e ganhou caricaturas – os chamados memes – nas redes sociais. André Luiz Carvalho Ribeiro, 28 anos, tem como “nome de guerra” o apelido de seu pai, Francisco Ribeiro Dantas Filho, o Fufuca Dantas (PMDB), atual prefeito de Alto Alegre do Pindaré (MA). Mas não só a alcunha chama atenção: as proeminentes bochechas rosadas de Fufuca, emolduradas por um cabelo desenhado no tradicional corte de índio, completaram a receita do que cai nas graças da internet. De um desconhecido deputado de primeiro mandato, Fufuca logo ganhou notoriedade nacional.

    Segundo vice-presidente da Câmara, o deputado do PP do Maranhão herdou o comando da Casa e o segundo posto mais importante da República por uma semana graças à viagem de Michel Temer à China. Com a dança das cadeiras, Fufuca ganhou o direito de despachar no sonhado gabinete presidencial da Câmara, a escolta dos policiais legislativos e sonha em tirar do papel a reforma política, muito embora os acordos estejam passando diretamente por Rodrigo Maia (DEM-RJ), o presidente de fato. De brinde, levou uma enxurrada de piadas e também questionamentos sobre sua atuação. “Recebo mensagens de todos os jeitos. Dizem: a sua bochecha é fofa, fofucha, essas coisas aí”, contou à reportagem. “Várias pessoas, no início, disseram que ia ter instabilidade comigo na presidência e que eu não teria condições de conduzir uma sessão. Mostrei que dava para conduzir tudo com tranquilidade”, continuou.

    Fufuca concedeu entrevista na antessala da presidência da Câmara. Enquanto isso, deputados faziam reuniões no gabinete oficialmente comandado por Maia, que também subiu um degrau e ocupa interinamente a Presidência da República. “As pessoas sabem que eu não tenho a tinta. O presidente de fato é o Rodrigo Maia. Qualquer ato meu pode ser revogado por ele”, afirmou o jovem deputado do PP. Confira a entrevista:

    Por que a comoção com a sua presença na presidência da Câmara? Há um preconceito em relação à minha pouca idade. O presidente mais jovem que tinha assumido a presidência da Câmara tinha 35 anos – eu tenho 28. Quem me critica não sabe nada de mim. Não sabe que sou médico de formação, que já fui deputado estadual, presidente de comissões e relator de CPIs. Eu tenho uma certa história. Não é tão grande, mas, comparada a de alguns, já é considerável. Então eu deixo de mão.

    Mas essa visibilidade não foi positiva para o senhor? Eu conheço muito bem quem eu sou e isso não me afeta. Eu tenho uma qualidade muito grande de autoavaliação e sempre tenho me avaliado de forma positiva.

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    O senhor logo virou alvo de memes e brincadeiras. Achou ofensivo? Alguns eu achei engraçados, originais e até divertidos. Não vi maldade. O que mais tem são brincadeiras com as bochechas. Recebo mensagens de todos os jeitos. Dizem: a sua bochecha é fofa, fofucha, essas coisas aí. Mas eu nem respondo.

    Na presidência, o senhor recebeu algum pedido especial? Não, não. As pessoas sabem que eu não tenho a tinta. O presidente de fato é o Rodrigo Maia. Qualquer ato meu pode ser revogado por ele.

    O que mudou na sua rotina? Eu sempre tive um diálogo com todos os deputados. Então, vou ao plenário e recebo o carinho deles. Várias pessoas, no início, disseram que ia ter instabilidade comigo na presidência e que eu não teria condições de conduzir uma sessão. Mostrei que dava para conduzir tudo com tranquilidade. Show de bola.

    Dois ex-presidentes da Câmara estão presos. O senhor responde a alguma ação na Justiça? Eu não respondo a nenhum processo. Alguns poderiam usar isso como um instrumento de engrandecimento. Mas não vou me gabar em relação a ninguém.

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    Como o senhor conheceu o Eduardo Cunha? Foi na eleição dele à presidência, em janeiro de 2015. O deputado Hildo Rocha (PMDB-MA) me apresentou para ele. Eu vejo várias pessoas criticarem o Eduardo pela situação em que ele se encontra. Se falarem o nome dele, até arrepiam. Comigo não, ele é meu amigo. Minha amizade com ele é notória, nunca neguei. Mas minha questão com ele é de amizade, não é de política.

    Dizem que o Eduardo Cunha financiou a campanha de muitos deputados. Não tive nenhuma ajuda de campanha. Zero.

    Qual legado o senhor quer deixar como presidente da Câmara? Quero deixar a sensação de dever cumprido. Saber que nós conseguimos avançar em votações importantes e fizemos o nosso papel. A sociedade aguarda a reforma política e nós precisamos dar uma resposta. Não podemos entrar em ano de eleição sem definir nada. Isso mostraria um clima de frustração enorme em relação ao Congresso. Essa é uma das questões que eu quero avançar e seria o maior legado.

     

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