Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

‘Frustrado’ com Doria, fundador do Vem Pra Rua lança candidatura

Empresário Rogério Chequer entra na disputa pelo governo de SP, critica potenciais adversários e diz não se arrepender de apoio ao impeachment de Dilma

Por Guilherme Venaglia Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 14 mar 2018, 16h56 - Publicado em 14 mar 2018, 09h58

As manifestações pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), entre 2015 e 2016, catapultaram para a vida pública uma série de pessoas e movimentos de trajetórias e propostas diversas. Dois anos depois da queda da petista, sem engajar as mesmas multidões, esses líderes vão migrando para a política “tradicional”, filiando-se a partidos e com planos de testar a popularidade nas urnas.

Neste grupo, encontra-se o empresário Rogério Chequer, fundador do Vem Pra Rua, um dos movimentos mais ativos nos protestos de rua do período que precedeu a queda de Dilma. Nos últimos meses de 2017, Chequer passou adiante o comando do movimento para se dedicar ao seu projeto pessoal: filiado ao Partido Novo, será candidato ao governo de São Paulo.

No final de fevereiro, ele se integrou à Rede de Ação Política pela Sustentabilidade (Raps), grupo fundado pelo sócio da Natura Guilherme Leal, ex-candidato a vice na chapa de Marina Silva (Rede) em 2010, que dá apoio logístico e de formação a candidatos de diferentes partidos.

Em entrevista a VEJA, Rogério Chequer fala sobre a candidatura, critica seus potenciais adversários e reafirma o discurso do seu partido de expandir as privatizações no setor público. Entre os concorrentes, deverá estar o prefeito paulistano João Doria (PSDB), que anunciou a intenção de não concluir seu mandato à frente da prefeitura. Com discurso antipetista, o prefeito apoiou e foi apoiado entusiasmadamente pelos movimentos nos idos de 2015, mas agora o empresário se diz “frustrado” com o tucano: “Doria dispendeu tempo excessivo pensando em si mesmo”.

Leia a entrevista:

A maior parte dos que foram aprovados para integrar a Raps pretende disputar vagas no Congresso. Por que o senhor se colocou como candidato ao Executivo, ao governo de São Paulo?

Minha primeira decisão foi essa, entre Legislativo e Executivo. Acho que está mais alinhado comigo concorrer a um cargo executivo pelo meu passado de empreendedorismo. Comecei assim e continuei com negócios pelo Brasil, vendo técnicas de inovação, formação de time e estruturas de gestão. Outra razão é que eu passei muito tempo da minha vida analisando governos em 33 países emergentes e meu foco sempre foi a atuação do Executivo. Tenho a visão de que é possível oferecer serviços melhores, principalmente no governo de um estado, com seu trabalho em educação, saúde e segurança.

O senhor foi um dos que comandaram manifestações pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Quase dois anos depois, o sucessor, Michel Temer (MDB), enfrenta um problema crônico de popularidade. Se arrepende? 

Eu faria tudo de novo. Nós não fizemos a revolução que nós fizemos no Brasil para colocar o Temer no poder. Fizemos para tirar do poder quem não estava trabalhando para a população. Os desastres trazidos pelo Temer são uma consequência da nossa Constituição e de quem o colocou como vice-presidente em 2014.

Continua após a publicidade

O senhor se destacou à frente de um movimento que tinha como principal bandeira a oposição ao modelo de governo do PT. Em São Paulo, boa parte desse sentimento é capitaneado há mais de 20 anos por outro partido, o PSDB. Como pretende quebrar esse domínio tucano?

Falando a verdade. Apesar de eles [PSDB] estarem no quinto mandato consecutivo, esses mais de 20 anos, ainda existem serviços de péssima qualidade. Ninguém está satisfeito com a segurança e com a educação. A saúde é precária. Eles provaram que, mesmo tendo 20 anos de poder, conseguiram melhorar algumas coisas, mas em ritmo muito inferior ao do resto do mundo. Não estamos nos comparando a outros estados no Brasil, temos que nos comparar com o resto do mundo. Eles tiveram a oportunidade que poucos têm, governar por tanto tempo, e fizeram pouco pelo estado.

Como o senhor vê a possibilidade de o prefeito de São Paulo, João Doria, ser o candidato do PSDB?

Eu fico muito frustrado. E desapontado pelo fato de ele ter prometido governar São Paulo e estar desistindo depois de um ano.

Continua após a publicidade

Como avalia sua gestão?

Houve coisas boas, o prefeito trouxe pessoas boas para algumas secretarias e algumas coisas novas para a cidade. Mas João Doria dispendeu tempo excessivo pensando em si mesmo, viajando pelo país em funções que não tinham nada a ver com a qualidade de vida do paulistano.

Outro provável adversário é o atual vice-governador, Márcio França (PSB), que terá o controle da máquina pública. Como o senhor se vê nessa disputa sendo oposição?

É interessante ver que eles [adversários] acabam seguindo o mesmo modelo de política velha. Já se sabe com meses de antecedência, declaradamente, que o Márcio França vai trocar as secretarias – e as estruturas das pastas – para ter maiores chances de se eleger. Mais uma vez, pensam em si mesmos e ninguém pensa na população.

Continua após a publicidade

O senhor, João Doria e o presidente da Fiesp Paulo Skaf (MDB) são candidatos simpáticos ao empresariado. Não é muita gente para um público tão restrito?

Não acho que seja possível ter excesso de diálogo. Diálogo é sempre muito positivo. Vamos conversar com os empresários e com o resto da população, porque é para ela que precisamos trabalhar. Os empresários são importantes, precisam de melhores condições para empreender e investir, mas o que sabemos é que, quem está aí e no modelo que está aí, não está funcionando.

O Partido Novo já tem alguma aliança programada aqui em São Paulo? Como driblar a falta de tempo de televisão?

Sempre estamos abertos ao diálogo desde que algum partido se adapte aos valores e à filosofia do Novo. Sobre o tempo de TV, ele é cada vez menos importante. Vai ser menos importante em 2018. Vamos trazer formas limpas e revolucionárias de fazer campanha.

O Partido Novo tem uma proposta de desestatização de equipamentos e empresas públicas. Categorias importantes do funcionalismo estadual, como os professores, se manifestam com frequência contra propostas do tipo. Como o senhor pretende lidar com esses segmentos?

De novo, com transparência. Conversando com eles e com a população, para descobrir o que é melhor. O alvo é sempre a população. Então, temos que abrir um diálogo para saber se é melhor com sindicato ou sem sindicato – e, mais, com qual papel os sindicatos deveriam operar, porque eles são estruturados de uma forma que os seus filiados não são quem mais se beneficia com a estrutura. Isso está ficando cada vez mais claro.

O senhor tem alguma proposta que já está divulgando publicamente?

Nós temos uma boa parte do programa em desenvolvimento. Só em termos de modernizar, tecnologia e estrutura, a gestão pública, nas principais áreas, já traremos benefícios muito grandes aos públicos mais vulneráveis e com pior qualidade de vida no Estado de São Paulo. Nosso plano é pensar como podemos trazer benefícios rápidos para esses grupos.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.