Fim da linha para a via-crúcis de Sergio Moro no TCU
Vice-presidente do tribunal, Vital do Rego assumirá caso e, segundo interlocutores, deve encerrar o processo contra o senador eleito
Sem alarde, o Tribunal de Contas da União (TCU) prepara-se para encerrar uma investigação que desde 2021 tenta relacionar a atuação do ex-juiz Sergio Moro na Operação Lava-Jato com a derrocada de empreiteiras pilhadas no escândalo do petrolão. A principal de linha de apuração, a de que a consultoria Alvarez & Marsal lucrou indevidamente ao contratar o ex-magistrado e supostamente obter dele informações sensíveis, levou o subprocurador do TCU Lucas Furtado a pedir a indisponibilidade de bens do hoje senador eleito e, como revelou VEJA, a notificar sigilosamente as construtoras em busca de informações sobre supostas irregularidades. Sem resultados concretos que sustentem a manutenção do caso em aberto, a tormenta de Moro deve ser agora enterrada pelas mãos do ministro que assumirá daqui em diante o processo: o vice-presidente do TCU Vital do Rego.
Vital herdará a investigação do antigo relator Bruno Dantas, que assumiu há pouco mais de uma semana a Presidência da Corte de Contas, e, segundo interlocutores, deve acabar com a contenda. Ao lado de Furtado, Dantas havia dado verniz jurídico à ofensiva que, entre outras coisas, levou Sergio Moro a tornar público que recebeu pouco mais de 650.000 dólares da Alvarez & Marsal, onde trabalhou por 11 meses após deixar o Ministério da Justiça. Os valores, divulgados quando o ex-juiz ainda aspirava concorrer à Presidência da República, eram tidos como importantes para afastar ou comprovar a suspeitas do TCU de que a A&M, que cuida da recuperação judicial de empreiteiras investigadas por desfalques na Petrobras, atuava em conflito de interesses por ter empregado o ex-juiz da Lava-Jato. A consultoria e Sergio Moro sempre negaram irregularidades.
Em outra frente de apuração, integrantes do TCU chegaram a mapearam o crescimento de caixa do braço brasileiro da A&M desde que ela se tornou responsável por administrar processos de recuperação judicial de empresas investigadas na operação policial e vasculharam mais de 40 terabytes de informações de contratos, licitações, auditorias e dispêndio de dinheiro público em busca de vínculos societários, ainda que ocultos ou por interpostas pessoas, que pudessem relacionar a empresa e Moro às construtoras. Como não foram encontradas irregularidades com dinheiro público, a via-crúcis do ex-juiz no Tribunal de Contas está a poucos dias do fim.