O ex-ministro da Justiça Anderson Torres foi preso neste sábado em Brasília pela Polícia Federal ao desembarcar de um voo de Miami, no Estados Unidos, onde passava as férias. Anderson tinha sido nomeado secretário de Segurança Pública do Distrito Federal e foi apontado como um dos responsáveis pela fragilidade da PM durante a invasão dos prédios do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal.
Além de suposta omissão e negligência durante a invasão dos prédios da Praça dos Três Poderes, a Polícia Federal encontrou durante uma busca na casa de Anderson uma minuta de legislação que discorria sobre intervenção no Supremo Tribunal Federal e que teria por objetivo contestar o resultado das eleições presidenciais, nas quais o candidato Lula sagrou-se vitorioso, com mais de 60 milhões de votos.
Delegado da Polícia Federal com passagens por cargo de assessor parlamentar no Congresso Nacional, Anderson foi um dos mais fiéis ministros de Bolsonaro, sempre concordando com as teses do chefe e atendendo aos pedidos dos filhos do presidente sobre nomeações na estrutura do governo. No governo federal e no Governo do Distrito Federal, onde já tinha sido secretário antes de assumir o Ministério da Justiça, destacou-se pela redução dos índices de crimes violentos.
Agora que vive seu inferno pessoal, Anderson ainda não recebeu nenhum sinal de apoio de Jair Bolsonaro e de nenhum de seus filhos. A família Bolsonaro costuma inundar as redes sociais com mensagens críticas aos opositores e também de mensagens de apoio aos militantes de direita, os ‘patriotas’.
Bolsonaro continua difundindo seu lema “Deus, Pátria, Família e Liberdade” nas redes, mas nenhuma palavra sobre a prisão de seu fiel escudeiro no Ministério da Justiça. Uma das últimas mensagens de Bolsonaro nas redes, postada no sábado, é a reprodução de um vídeo do então ministro da Fazenda, Paulo Guedes, falando sobre abertura da economia, redução de impostos e gastos da administração pública.
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), em uma de suas últimas mensagens, reproduziu a mensagem do pai com o filme de Paulo Guedes enaltecendo a economia. No início da semana passada, após a invasão dos prédios dos Três Poderes, Flávio divulgou outra mensagem, dizendo que quer fazer parte da comissão que vai investigar os atos violentos. O senador também não divulgou mensagem sobre a prisão de Anderson Torres.
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que é policial federal, tem usado as redes sociais para criticar o governo Lula. Ele também não postou mensagens em defesa de Anderson Torres. A última mensagem divulgada pelo vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) é um vídeo associando o PT a atos violentos, mas nada sobre o ex-ministro da Justiça. Jair Renan, o filho mais novo de Bolsonaro, tem usado as redes para divulgar textos sobre auto-ajuda.