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EXCLUSIVO: Lula e as más companhias

Fotografia em poder de investigadores reforça a acusação de que ex-presidente tentou omitir suas relações com diretores da Petrobras envolvidos em corrupção

Por Robson Bonin Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 6 out 2017, 17h46 - Publicado em 5 out 2017, 15h52

A fotografia acima foi tirada quando o maior esquema de corrupção da história já funcionava a pleno vapor. Lula era o presidente da República. À sua esquerda, está o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa. À direita, o diretor de Serviços, Renato Duque. As investigações da Lava-Jato revelaram que Paulo Roberto recolhia 3% de propina das empreiteiras que detinham contratos em sua área. Ele repassava uma parte do dinheiro para o PMDB e o PP e enviava um naco para contas na Suíça. Renato Duque fazia a mesma coisa, mas tinha apenas um cliente, o PT. Os dois estão presos. Paulo Roberto assinou o primeiro acordo de delação premiada da operação, confessou os crimes, revelou o nome de dezenas de políticos que se locupletavam com o dinheiro roubado e, hoje, cumpre pena em casa. Renato Duque está preso em Curitiba e tenta fechar um acordo de delação. Condenado a 67 anos de prisão, ele também já confessou que operava seguindo ordens do PT, especialmente do ex-presidente Lula, com quem, segundo afirma, teria tratado diretamente sobre recolhimento e pagamentos de propina. Lula nega. A imagem acima vai ser usada para reforçar a acusação.

Em depoimento ao juiz Sergio Moro, em maio, o ex-presidente refutou a afirmação de que pudesse influenciar as ações de qualquer um dos diretores da estatal. Questionado especificamente sobre eventuais contatos com Renato Duque e com Paulo Roberto Costa, Lula foi ainda mais taxativo. “Nos oito anos que fiquei na presidência, a gente não teve uma reunião com a diretoria da Petrobras”, disse. Na foto, além de Paulo Roberto e Duque, Lula, usando uma jaqueta de petroleiro, aparece ladeado pelo então presidente da estatal, José Sergio Gabrielli, o então ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, e o então diretor de Gás e Energia Ildo Sauer. Com a exceção de Sauer, que deixou a estatal em 2007 e não é acusado de irregularidades, todos os outros presentes no encontro tornaram-se personagens do escândalo de corrupção. Para o Ministério Público, Lula chefiava a quadrilha, o que ele também nega.

Renato Duque é o personagem da fotografia que mais preocupa o ex-presidente. Principal operador do PT na Petrobras, ele tem a memória dos oito anos de governo Lula e de metade do primeiro mandato de Dilma Rousseff. Sua missão principal, desde o início, era recolher propina – 1% sobre o valor de cada contrato. Parte do dinheiro arrecadado era repassado ao partido, parte enviado para contas no exterior. Em depoimento a Sergio Moro, o ex-diretor fez revelações sobre o envolvimento de Lula no esquema. Afirmou que o ex-presidente sabia da corrupção na Petrobras, operava em favor das empreiteiras e cobrava pessoalmente a liberação de propina.

O ex-diretor ainda revelou ter mantido pelo menos três encontros com o ex-presidente para tratar de interesses espúrios. Num desses encontros, que aconteceu num hangar do Aeroporto de Congonhas – já durante as investigações da Lava-Jato –, Duque teria recebido ordens para fechar as contas secretas que mantinha no exterior. Quando ainda estava no governo, segundo o ex-diretor, Lula acionava o tesoureiro petista João Vaccari para levar recados e pedidos de dinheiro aos diretores da estatal. O ex-presidente certamente tirou fotografias com milhares de pessoas das quais não se lembra. Mas para quem garante que nunca sequer se reuniu com os diretores corruptos, a imagem, embora protocolar, pode ser também comprometedora.

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