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EXCLUSIVO: As vítimas dos hackers

Relatório da Polícia Federal, obtido por VEJA, revela que a família Bolsonaro foi o primeiro dos 126 alvos de interceptações ilegais

Por Thiago Bronzatto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 19 dez 2019, 20h40 - Publicado em 19 dez 2019, 18h59
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  • Às 3h36 de 2 de março de 2019, o aplicativo de mensagens Telegram do deputado federal Eduardo Bolsonaro sofreu um ataque. O aparelho recebeu oito ligações do mesmo número do parlamentar. Às 4h19, foi a vez de Carlos Bolsonaro. Às 5h04, a vítima foi o próprio presidente Jair Bolsonaro. A partir daí, as ofensivas se concentraram no deputado Kim Kataguiri, às 5h42, e no ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, às 7h. Essas foram as primeiras vítimas de interceptações ilegais realizadas pelos hackers de Araraquara – que também tiveram acesso a mensagens de integrantes da Operação Lava-Jato e do ministro da Justiça Sergio Moro. De acordo com um relatório sigiloso da Polícia Federal, ao qual VEJA teve acesso, ao menos 126 pessoas tiveram suas conversas privadas roubadas.

    PF

    A lista de figuras públicas que tiveram a sua privacidade hackeada é extensa. A exata dimensão dela está num trecho do documento da Polícia Federal: “Dentre as vítimas dos alaques se encontram autoridades públicas dos três poderes da República e de diferentes esferas da administração, como ministros de Estado, senadores, deputados federais, ministros da Suprema Corte, ministros do Superior Tribunal de Justiça, desembargadores, juízes federais e estaduais, procuradores da República dentre as quais dois ex-procuradores-gerais da República, delegados da Polícia Federal, delegados e investigadores da Polícia Civil do Estado de São Paulo e membros do Ministério do Público do Estado de São Paulo”.

    De acordo com os investigadores, há ao menos três grupos de vítimas. O primeiro é formado por aquelas que tiveram as suas conversas particulares roubadas. O segundo foi alvo de uma interceptação ao vivo, sem que o material fosse salvo. E o terceiro foi hackeado, mas não tinha conta no Telegram ou já havia desinstalado o aplicativo de mensagens há certo tempo.  Após periciar todo o material apreendido, os investigadores descobriram que 99 pessoas eram vigiadas no que os criminosos chamavam de “central de escuta em tempo real”. Na prática, isso significa que os criminosos podiam acompanhar todas as conversas instantâneas.

    Desse total, ao menos 48 contas de Telegram tiveram o seu conteúdo baixado e armazenado pelos hackers. A lista das autoridades vítimas do golpe inclui o presidente do Senado Davi Alcolumbre, o empresário Abilio Diniz, o ministro da Educação Abraham Weintraub, o presidente do MDB Baleia Rossi, o ex-governador do Rio de Janeiro Luiz Fernando Pezão, entre outros. Também foram identificadas imagens de telas do telefone com as contas do Telegram em nome do ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes, do senador Flávio Bolsonaro, do presidente do Superior Tribunal de Justiça João Otávio Noronha, entre outros. A PF não relacionados todos os envolvidos, porque ainda está periciando o material furtado pelos hackers.

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    Apenas dos integrantes da Lava-Jato, a Polícia Federal contabilizou 14 217 arquivos relacionados ao procurador Deltan Dallagnoll, 753 materiais ligados ao procurador Danilo Dias, 587 documentos do procurador Diogo Castor e 250 registros envolvendo o ex-procurador-geral Rodrigo Janot. Além deles, foram encontrados 128 itens numa pasta com o nome do ex-ministro da Economia Henrique Meirelles. Os investigadores identificaram arquivos da construtora Odebrecht.

    Pelo fato de terem obtido de forma ilegal conversas privadas, a Polícia Federal indiciou os envolvidos no esquema pelas práticas de crimes como o de organização criminosa, interceptação de ilegal de comunicações e invasão de dispositivos informáticos alheios, conforme revelou VEJA nesta quinta-feira, 19. A tendência agora é que o Ministério Público Federal apresente à Justiça uma denúncia contra os envolvidos no esquema — que poderão se tornar réus e responder a uma ação penal.

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