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Ex-presidente da Odebrecht diz que deu R$ 52 milhões a José Serra

Delator da Operação Lava Jato, Pedro Novis detalhou em depoimento à PF como e por quais meios foram feitos os pagamentos ao tucano; senador nega acusação

Por Estadão Conteúdo Atualizado em 10 jan 2018, 11h14 - Publicado em 9 jan 2018, 21h57

O ex-presidente da Odebrecht e delator na Operação Lava Jato, Pedro Novis, afirmou em depoimento à Polícia Federal que o senador José Serra (PSDB-SP) recebeu para si ou solicitou para o partido R$ 52,4 milhões entre 2002 e 2012. O executivo detalhou os valores para os investigadores.  As declarações foram prestadas em 13 de junho de 2017 e reveladas nesta terça-feira pelo jornal Valor Econômico. O tucano nega.

Novis relatou que teve contato com Serra ainda na década de 1980, mas que somente em 2002 o tucano “solicitou recursos”. Ele disse que se encontrava sozinho com o tucano “em encontros agendados através da secretária pessoal dele”. Naquele ano, declarou, “foi repassado à campanha de Serra o montante aproximado de R$ 15 milhões”.

Dois anos depois, em 2004, Serra disputou a Prefeitura de São Paulo. Segundo o ex-presidente da Odebrecht, o tucano recebeu “cerca de R$ 2 milhões em doações da construtora realizadas sem registro na Justiça Eleitoral” e que esses valores “foram pagos em espécie e no Brasil”.

Novis contou ainda ter repassado ao senador R$ 4,5 milhões entre 2006 e 2007 por meio de “uma conta bancária no exterior ” em nome de José Amaro Ramos. “Foi José Serra quem disse ao declarante que José Amaro Ramos era a pessoa credenciada para receber o repasse (…); que conversou pessoalmente com José Amaro Ramos, tendo recebido de suas mãos o número da conta para a qual seriam transferidos os recursos.” De acordo com o relato, “quando o tucano assumiu o governo paulista em 2007, a empreiteira “possuía contratos com o Estado de São Paulo, dentre os quais um dos lotes das obras do Rodoanel Sul”.

Em 2008, relatou Novis, o tucano solicitou “R$ 3 milhões em doações eleitorais para as campanhas municipais do PSDB em São Paulo”. O executivo disse que o valor foi pago em espécie no Brasil “a um emissário indicado por José Serra”, mas disse que “não possui o nome ou qualquer outra informação” relacionada a esse emissário.

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O delator narrou ainda que no ano seguinte Serra o procurou para informar que Sérgio Guerra – então presidente do PSDB, morto em 2014 – o procuraria “para discutir o projeto das campanhas do partido em 2010”. Novis relatou ter se encontrado com Guerra “em duas oportunidades” e que este pediu “que fosse repassado R$ 30 milhões; que de fato condicionou o repasse de recursos para o PSDB à solução dos antigos créditos que a CNO (Construtora Norberto Odebrecht) possuía junto à Dersa”.

“Sérgio Guerra concordou em levar o pleito ao governador José Serra, quando então foi estipulado que 15% dos valores a serem pagos seriam destinados às campanhas do PSDB.” Novis disse ainda que Serra lhe confirmou “que o acordo estava assegurado”. “O valor líquido do pagamento acordado alcançou o montante de aproximadamente R$ 160 milhões, motivo pelo qual calculou em R$ 23,3 milhões o valor a ser repassado para o PSDB”, declarou.

Segundo o Valor Econômico, houve ainda um suposto pagamento a Serra para a campanha de 2012. O repasse de R$ 4,6 milhões teria sido entregue a um assessor de Rubens Jordão – morto em 2013.

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Defesas

Por meio de nota, a assessoria de Serra disse que o senador “esclarece que jamais recebeu qualquer tipo de vantagens indevidas de qualquer empresa ou indivíduo, especialmente da Odebrecht”. “Mais que isso, nunca tomou medidas que tenham favorecido a Odebrecht em nenhum dos diversos cargos que ocupou em sua longa carreira pública, como afirmou o seu ex-presidente da empresa Pedro Novis em depoimento”, diz trecho da nota.

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