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Ex-diretor do Pros confirma recebimento de propina

Partido da coligação de Fernando Haddad montou esquema para esconder origem de dinheiro sujo

Por Hugo Marques Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 22 out 2018, 14h19 - Publicado em 19 out 2018, 18h21
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  • Em sua delação premiada, o executivo Ricardo Saud, ex-diretor de relações institucionais da J&F (que controla a JBS), disse que repassou clandestinamente dinheiro para partidos políticos que apoiaram a chapa de Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (MDB) à Presidência, em 2014. Para esconder o crime, usou mais de cem escritórios de advocacia como intermediários, que emitiram notas fiscais frias para simular uma prestação de serviços. Apenas para o Pros, partido que apoia o candidato do PT, Fernando Haddad à Presidência da República na eleição deste ano, foram entregues 10,5 milhões de reais. Um dos escritórios usados para lavar o dinheiro ilegal foi a Sociedade João Leite Advocacia, que pertence ao advogado João Leite, ninguém menos que um dos fundadores do Pros e ex-diretor jurídico do partido. Localizado por VEJA, ele confirmou tudo.

    João Leite contou que foi pessoalmente à sede da JBS em São Paulo, por três vezes, para negociar uma forma de pegar o dinheiro sem deixar rastros. Depois dessas reuniões, ficou combinado que a melhor forma era usar empresas para simular uma prestação de serviços. O advogado ofereceu o próprio escritório para operar o esquema. Assim, a Sociedade João Leite emitiu uma nota fiscal para a JBS de 1,7 milhão de reais no dia 25 de agosto de 2014. Mas não houve serviço algum.

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    Advogado João Leite, ex-diretor jurídico do Pros (Cristiano Mariz/VEJA)

    “Para receber esse dinheiro, paguei uns 190 mil reais de impostos e repassei todo o dinheiro para as pessoas indicadas pelo Pros”, disse Leite. O advogado revela que guarda cópias de todos os recibos de depósitos do dinheiro que veio da JBS. A maior parte, segundo ele, foi transferida para pessoas que trabalhavam na campanha de Eurípedes Júnior, presidente do Pros, que foi candidato a deputado em Goiás em 2014, mas não foi eleito. “Ele gastou mais de 17 milhões de reais na campanha, mas não declarou isso junto ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral)” , acusa o ex-diretor jurídico do partido.

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    Ex-presidente Dilma Rousseff e o presidente do Pros, Eurípedes Júnior, que está foragido. (Divulgação/Divulgação)

    Eurípedes Júnior está foragido desde quinta-feira, 18. Ele é acusado de envolvimento em um esquema de corrupção no Pará e em Brasília. João Leite é uma das principais testemunhas das irregularidades no Pros. O advogado já havia denunciado à Justiça o desvio de dinheiro do partido para bancar as despesas pessoais de Eurípedes Júnior e comprar um avião que servia ao presidente do partido.

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