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Esfaqueador diz que queria ‘dar uma resposta, um susto’ em Bolsonaro

Em audiência de custódia, Adélio Bispo de Oliveira, responsável pelo atentado contra o presidenciável, ainda classificou ato como 'incidente'

Por João Pedroso de Campos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 11 set 2018, 21h43 - Publicado em 11 set 2018, 18h16

O servente de pedreiro Adélio Bispo de Oliveira, 40 anos, que esfaqueou o candidato do PSL à Presidência da República, Jair Bolsonaro, classificou o atentado contra o presidenciável como “um incidente”, afirmou que pretendia “dar uma resposta, um susto” em Bolsonaro e que se sente “ameaçado” pelos discursos do candidato. As declarações de Adélio foram dadas em audiência de custódia na última sexta-feira 7, na Justiça Federal de Juiz de Fora (MG), cidade onde a agressão aconteceu, no dia anterior.

A facada desferida por Adélio Bispo de Oliveira atingiu o abdômen de Jair Bolsonaro, deixando três perfurações no intestino delgado do presidenciável e uma lesão mais grave no cólon transverso, porção do intestino grosso. Operado na Santa Casa de Juiz de Fora, Bolsonaro foi transferido no dia seguinte ao atentado para o Hospital Albert Einstein, em São Paulo, onde se recupera.

“Depois de um incidente, um certo incidente, houve um tumulto muito grande. Fui imobilizado pelos policiais ali presentes e no chão fui bem espancado na região abdominal, pernas, enfim, costelas, pelos militantes que estavam ali”, disse o esfaqueador diante da juíza federal Patrícia Alencar. Ele disse que estava com dores na região abdominal e tinha dificuldades para falar.

Questionado pelos próprios advogados se assumia o crime e qual foi a motivação, Adélio Bispo citou “discordâncias em certos pontos” com Jair Bolsonaro, que ele não citou nominalmente nenhuma vez, e afirmou que pretendia “dar um susto” no presidenciável.

“O incidente, o imprevisto, que terminou de forma problemática, discordâncias em certos pontos, diferentes pontos, digamos assim, não saberia nem expressar, mas o fato ocorreu. Houve um ferimento, embora pretendíamos pelo menos dar uma resposta, um susto, alguma coisa dessa natureza, entendeu? Houve, aconteceu”, admitiu Adélio.

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Diante da resposta, os defensores do agressor questionaram se o atentado teve motivação política ou religiosa. Adélio respondeu que “as duas coisas”. “Eu, como milhões de pessoas, pelos discursos da pessoa referida [Bolsonaro], me sinto ameaçado literalmente, entendeu? Me sinto ameaçado, como tantos milhões de pessoas, pelos discursos que o cidadão tem feito, aquela certeza de que cedo ou tarde vai cumprir aquilo que está prometendo tão veementemente pelo país todo contra pessoas como eu exatamente”, disse.

A magistrada perguntou a Adélio Bispo de Oliveira como havia sido o tratamento dado a ele dentro do Centro de Remanejamento do Sistema Prisional de Juiz de Fora, para onde foi levado após o atentado, e ele respondeu que tinha sofrido intimidações de alguns policiais, que, segundo o agressor, “se posicionam politicamente muitas vezes do lado da outra pessoa [Jair Bolsonaro]”.

Ao final da audiência, os advogados de Adélio Bispo de Oliveira lhe perguntaram se ele usa medicamentos de uso controlado e Adélio respondeu que não, mas que já utilizou remédios “extremamente fortes”. “Faz um bom tempo que não visito um médico”, continuou.

A defesa pediu à juíza a instauração de um incidente de insanidade mental para apurar as condições psicológicas de Adélio e concordou com a solicitação do Ministério Público Federal (MPF) para que ele fosse transferido para um presídio federal. O agressor foi levado ao presídio federal de Campo Grande no sábado 8.

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