Com a derrota da esquerda e o fortalecimento do Centrão nas eleições municipais, conselheiros e aliados de Lula retomaram a pressão por mudanças no ministério. A reforma serviria para dar um freio de arrumação no governo, fortalecer a base governista no Congresso e, principalmente, amarrar uma série de partidos de centro à provável candidatura à reeleição do presidente.
As mexidas na Esplanada também permitiriam ao governo contemplar políticos envolvidos nas articulações para as trocas de comando na Câmara e no Senado, que ocorrerão em fevereiro do ano que vem. Entre eles, o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que deixará a chefia do Poder Legislativo e será substituído, provavelmente, pelo senador Davi Alcolumbre (União Brasil – AP), de quem é aliado.
Cartas na mesa
Aliados de Lula esperam que a reforma seja realizada no início de 2025, reorganizando a administração para a segunda metade do mandato do presidente. Por enquanto, há duas opções em análise para o futuro de Rodrigo Pacheco. Uma delas é convidá-lo para assumir o Ministério da Justiça no lugar de Ricardo Lewandowski.
Essa troca, se realizada, não provocaria tantos ruídos, já que o próprio Lewandowski teria dado sinais de que não gostaria de continuar no cargo. Ele teria sinalizado, inclusive, a disposição de sair do governo tão logo a “PEC da Segurança Pública”, apresentada recentemente aos governadores, comece a tramitar no Congresso.
Como alternativa, o entorno de Lula cogita convidar Pacheco para o Ministério de Minas e Energia. Neste caso, a substituição teria um custo político maior, já que o atual ocupante do cargo, Alexandre Silveira, mostra desenvoltura na função, dá sinais de que pretende usar a pasta como trampolim para campanhas políticas e tem uma sólida parceria com o chefe da Casa Civil, Rui Costa.
Pacheco e Silveira são do mesmo partido, o PSD, e construíram a carreira política no mesmo estado, Minas Gerais. Os dois representam o Senado no ministério. Em tese, são aliados. Na prática, distanciaram-se e são vistos como rivais ao posto de candidato de Lula ao governo mineiro. Não é à toa, portanto, que a Justiça apareça como primeira opção.