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Em disputas internas, líderes tucanos evitam apoio explícito a Haddad

Candidato ao governo de São Paulo, João Doria vive o oposto, com declarações abertas em favor de Jair Bolsonaro

Por Da redação
Atualizado em 25 out 2018, 21h01 - Publicado em 25 out 2018, 20h58
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  • O candidato do PT à Presidência, Fernando Haddad, conversou nos últimos dias com alguns dos principais líderes do PSDB para tentar um apoio mais explícito à sua candidatura, mas, em meio a uma disputa interna pelo controle do partido, os tucanos estão evitando declarações em favor do petista, disse à Reuters uma fonte que acompanhou os diálogos.

    Haddad telefonou na segunda-feira para o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para uma conversa “institucional”. Segundo o próprio candidato, falaram sobre os “riscos para a democracia” causados pela candidatura de Jair Bolsonaro (PSL). No mesmo dia, FHC havia criticado duramente em sua conta no Twitter o discurso do capitão em que o candidato havia dito que seus opositores iriam para a cadeia ou para o exílio.

    O petista revelou também que conversou com o senador Tasso Jereissati (CE), ex-presidente do partido. De acordo com a fonte, Haddad falou ainda com o ex-governador Geraldo Alckmin, atual presidente do partido e candidato tucano à Presidência derrotado no primeiro turno.

    As conversas, disse a fonte, foram boas, mas sem promessas de apoio explícito a Haddad. Não por problemas com o petista, mas por questões internas tucanas. Um apoio aberto ao PT enfraqueceria a posição desses tucanos de alto escalão na disputa pelo controle do partido e abriria espaço para um crescimento do candidato do PSDB ao governo de São Paulo, João Doria, que declarou apoio a Bolsonaro no segundo turno, e para o enfraquecimento do grupo mais moderado da legenda.

    O temor no partido é que se Doria vencer a eleição em São Paulo, o neotucano se fortaleça o suficiente para tirar Alckmin da presidência do PSDB e levar a sigla ainda mais para a direita. Um erro de cálculo agora, com o ex-governador e seu grupo dando apoio a Haddad, pode enfraquecer ainda mais sua posição. Nesta quarta, o ex-presidente do PSDB Alberto Goldman — inimigo declarado de Doria, alvo de uma tentativa do ex-prefeito de expulsá-lo do partido — declarou publicamente voto em Haddad.

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    O tucano disse que pretendia não votar em ninguém, mas o discurso de Bolsonaro feito domingo, por videoconferência para uma manifestação a seu favor, levou Goldman a reconsiderar. “Do outro lado está a direita raivosa. O discurso de domingo o candidato veio de forma tão raivosa, tão inaceitável, dizendo que as pessoas suas adversárias poderiam ser banidas, seriam presos e apodreceriam na prisão, uma linguagem absurda”, disse Goldman em um vídeo distribuído nas redes sociais. “Aí cheguei à conclusão que não estou disposto a pagar para ver. E contra minha vontade, contra meus princípios e contra esses anos todos de luta contra o PT, vou acabar votando em Haddad.”

    Doria cita Bolsonaro 14 vezes mais que Alckmin

    Criticado por “esconder” Geraldo Alckmin em sua campanha no primeiro turno e por tentar “pegar carona” na popularidade de Jair Bolsonaro no segundo, o candidato tucano ao governo de São Paulo, João Doria, citou 14 vezes mais o nome do capitão reformado do Exército do que o de seu padrinho político nas redes sociais desde o início oficial da campanha, em agosto.

    Em mais de 350 publicações e 250 vídeos divulgados nas páginas de Doria no Twitter e Facebook há 57 citações do ex-prefeito a Bolsonaro, ante apenas quatro ao ex-governador paulista, que ficou em quarto lugar na corrida ao Palácio do Planalto. Somadas as duas redes, Doria tem 3,5 milhões de seguidores.

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    São textos e vídeos com declarações explícitas de apoio a Bolsonaro ou com as expressões #BolsoDoria, em referência à dobradinha nas duas eleições, ou #B17, em alusão ao número do presidenciável do PSL. Já Alckmin foi lembrado em apenas dois posts com a hashtag “geraldopresidente” em setembro e outros dois publicados nesta quarta-feira, nos quais Doria afirma que não indicará o ex-governador para ser seu secretário da Segurança Pública, caso seja eleito. Não há pedido de voto a Alckmin e nenhuma fala do presidenciável tucano.

    Com exceção da mensagem de solidariedade publicada no dia em que Bolsonaro foi alvo de ataque em Juiz de Fora (MG), em 6 de setembro, todas as referências de Doria ao presidenciável do PSL ocorreram no segundo turno, uma média de três menções por dia. Doria foi criticado por alckimistas por esconder o ex-governador desde o início da campanha, mas a crise se agravou dias antes do primeiro turno, quando aliados de Doria passaram a incentivar o voto BolsoDoria. Em São Paulo, Bolsonaro obteve mais de 12 milhões de votos (53%) enquanto Alckmin teve pouco mais de 2 milhões (9,5%).

    Em nota, a assessoria de Doria afirmou que ele “fez campanha com o PSDB ao lado de Geraldo Alckmin durante todo o primeiro turno, declarando apoio a ele em manifestações, agendas e entrevistas. Doria só manifestou apoio a Jair Bolsonaro após a conclusão da apuração dos votos do primeiro turno”.

    (com Reuters e Estadão Conteúdo)

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