Elmar Nascimento se mantém na disputa na Câmara e critica ‘consensos artificiais’
Declaração ocorre após o presidente da Casa, Arthur Lira, anunciar oficialmente seu apoio a Hugo Motta
O deputado Elmar Nascimento (União Brasil-BA) afirmou nesta terça-feira, 29, que a sua candidatura e a de Antonio Brito (PSD-BA) à presidência da Câmara estão mantidas, após o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), anunciar oficialmente seu apoio a Hugo Motta (Republicanos-PB). A jornalistas na Câmara, Brito confirmou que segue na disputa e afirmou que um bloco de diferentes partidos pode ser criado para a eleição.
Em um longo comunicado publicado nas redes sociais, Elmar, que é amigo pessoal de Lira e era considerado até poucos meses atrás o escolhido do alagoano para a sucessão, mandou recados, disse que ele e Brito têm um acordo para apoiar um ao outro caso somente um deles avance ao segundo turno e afirmou que não busca “consensos artificiais”, em uma aparente crítica à candidatura de Motta, defendida como sendo de consenso entre os diferentes partidos da Câmara.
“O apoio do presidente Arthur Lira ao colega Hugo Motta é legítimo. No entanto, a condução da Câmara dos Deputados não deve buscar uma unanimidade artificial, reduzida a uma única vontade”, escreveu. “O essencial, na perspectiva democrática, é incentivar o debate. Como disse Nelson Rodrigues: ‘Toda unanimidade é burra. Quem pensa com a unanimidade não precisa pensar’.”
“A força desta Casa está na valorização da divergência e no confronto de perspectivas. Decidimos com base na maioria, assegurando que cada proposta seja debatida de forma ampla e transparente”, seguiu. “Nos últimos anos, superamos desafios com diálogo e soluções viáveis. Mas o verdadeiro valor do Parlamento é a pluralidade. A presidência deve garantir liberdade para cada deputado expressar suas ideias e deliberar com autonomia.”
“Minha candidatura se firma na renovação e no fortalecimento da democracia, valorizando a diversidade de pensamentos. Não buscamos consensos artificiais, mas espaços para a saudável disputa de ideias”, continuou. “O objetivo é permitir que surjam as melhores decisões para o país, assegurando a participação efetiva dos 513 deputados desta Casa. A palavra empenhada deve ser pilar dessa liderança. Confiança e respeito aos compromissos são essenciais para a integridade do processo legislativo. Quem não cumpre sua palavra, pode mandar, mas não lidera.”
“A escolha em fevereiro definirá o futuro desta instituição e sua relevância política. Precisamos de uma presidência aberta a novas ideias e que represente a diversidade de interesses deste Parlamento”, escreveu Nascimento. “Reconhecemos afinidades e valores comuns com o colega Antonio Brito, consolidando princípios que norteiam nossas campanhas. Estabelecemos uma aliança estratégica: quem avançar ao segundo turno terá o apoio do outro. Conto com o apoio dos colegas que acreditam no debate e na pluralidade como forças desta Casa. Juntos, construiremos uma gestão transparente e sólida, sempre em benefício do Brasil e de seus cidadãos.”
Apoio de Lira
Lira anunciou oficialmente na manhã desta terça-feira seu apoio à candidatura deMotta (Republicanos-PB) para sucedê-lo no comando da Casa. Lira chamou os outros dois participantes da disputa, Elmar Nascimento (União Brasil-BA) e Antonio Brito (PSD-BA), de “verdadeiros amigos de vida” e disse que pediu a eles que se “viabilizassem”, pois, sem convergência, não haveria governabilidade.
“Depois de muito conversar e sobretudo de ouvir, estou convicto de que o candidato com maiores condições políticas de construir convergências no Parlamento é o deputado Hugo Motta, nome que demonstrou capacidade de aliar polos aparentemente antagônicos com diálogo, leveza e altivez”, declarou o atual presidente da Câmara.
“Com esse meu gesto, espero dar início à concretização de conversas que foram feitas e acordos que foram firmados com diversas legendas partidárias em torno desse mesmo projeto de convergência”, afirmou Lira.
Em seu pronunciamento, o atual presidente da Câmara também declarou que Motta, em seu quarto mandato na Casa aos 35 anos, é um deputado “experiente”, que vai saber seguir a “receita que tantos bons frutos deu ao Brasil: respeito ao Plenário, cumprimento da palavra empenhada e busca incessante por convergência”.