O ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, articulador político do presidente Michel Temer (PMDB) no Congresso, disse que a proximidade das eleições tem deixado parte dos parlamentares inseguros para votar a reforma da Previdência. “Neste momento existe, e é natural que exista, a preocupação de colegas com a questão eleitoral. Não existe nada que seja surpreendente ou condenável”, disse.
Ele disse esperar que a população se conscientize sobre a necessidade de aprovar a reforma e ajude a pressionar os parlamentares a apoiar o projeto. “Tenho expectativa muito grande na reação da sociedade. A sociedade começa a reagir, a querer pleitear aos parlamentares uma atitude que é a necessária para o Brasil, que é o voto favorável para a reforma”, afirmou. Por ser uma mudança constitucional, o governo precisa de 308 votos na Câmara para aprovar a proposta.
Sem revelar os votos que o governo teria hoje pela aprovação, o ministro afirmou que acredita que a situação está “mais favorável” agora do que no fim de dezembro, antes do recesso, mesmo que haja a preocupação eleitoral dos parlamentares. “Os votos estão vindo sim, o que nós não estamos neste momento é contando. Quero contar isso no final de janeiro” disse. “Não é que não vamos nos preocupar com número, mas não vamos trabalhar revelando os números agora”, rebateu diante da insistência dos jornalistas ao questioná-lo como mensurava que a situação estava melhor que antes sem a contagem.
Almoço com Meirelles
Marun falou com jornalistas após almoçar com o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Segundo ele, a conversa foi para que ele tomasse um conhecimento maior sobre o rebaixamento da nota de crédito brasileira pela agência de classificação de risco S&P Global Ratings na semana passada.
Diferente do discurso de Meirelles, que no fim de semana disse que o rebaixamento não afetará o crescimento da atividade econômica do país e foi uma decisão “técnica e pontual”, Marun disse que o rebaixamento da nota é uma opinião da agência “a respeito do nosso futuro”. “O rebaixamento da nota é consequência. Em si não é um fato econômico, é uma opinião”, afirmou.
De acordo com Marun, o rebaixamento – que pode acontecer com outras agências, admitiu – corrobora o discurso do governo da necessidade da reforma da Previdência. “Mais grave para a economia vai ser o que vai acontecer se não aprovarmos a reforma da Previdência.” Ele disse que na conversa com Meirelles ficou ainda mais evidente a necessidade de alterar as regras de aposentadoria. “Governo nunca negou ou deixou de afirmar que a reforma da Previdência é necessária. Parlamentares já estão mais do que conscientes da necessidade de aprovação, inclusive os da oposição”, afirmou.
Pode mudar de novo
Ao reforçar o mantra de Temer de que seu governo é pautado pelo diálogo, Marun admitiu que a proposta pode sofrer mais alterações. “Esse é o governo do diálogo, pode ouvir sugestões de aprimoramento desde que não nos afastemos dos princípios da reforma, que é a idade mínima e fim dos privilégios”, afirmou.
(Com Estadão Conteúdo)