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Eduardo Paes é reeleito no primeiro turno no Rio

Prefeito do Rio vai para o seu quarto mandato na cidade

Por Ludmilla de Lima Atualizado em 6 out 2024, 20h47 - Publicado em 6 out 2024, 19h21

Grande favorito desde o início da campanha, o prefeito Eduardo Paes (PSD) foi reeleito no primeiro turno no Rio. Com afagos ao presidente Lula, de quem recebeu apoio embora tenha centrado a campanha essencialmente no recall como prefeito da cidade, Paes disse, após o resultado das urnas o confirmar como matematicamente eleito, reconhecer o apoio do petista ao Rio de Janeiro e defendeu o fim da polarização política que rachou o país entre lulistas e bolsonaristas. “Essa eleição é sobre aquilo que a gente deseja para o Brasil. Chegou a hora de a gente parar com essa polarização, com essa dualidade. É sempre uma briga de um contra o outro, como se fôssemos inimigos. Nós não somos. Aqui tem um grupo de pessoas que pensa diferente, mas que mostrou que dá para se juntar, que dá para se unir, independente das nossas visões de mundo”, afirmou. No primeiro discurso após conquistar o quarto mandato à frente do Executivo municipal, o prefeito estava ladeado de nomes históricos da esquerda, como a deputada federal Benedita da Silva (PT), mas também de ex-bolsonaristas convertidos, como o deputado Otoni de Paula, hoje no MDB.

“Queria agradecer muito ao presidente Lula, que foi super companheiro, um sujeito que ajuda a gente. Você é um político de dimensão nacional, que tem a compreensão exata da dimensão da nossa cidade”, afirmou Paes. “Presidente Lula, essa vitória tem muito a ver com você. Não é simples nesse país tão dividido, tão radicalizado, um sujeito com sua alma, o seu coração, lidar com essas circunstâncias”. Eduardo Paes acompanhou a apuração da residência oficial, na Gávea Pequena, Alto da Boa Vista. VEJA transmite ao vivo a apuração das eleições municipais deste domingo, 6.

Com 100% das urnas apuradas, o prefeito recebeu 60, 47% dos votos dos eleitores cariocas, enquanto Alexandre Ramagem (PL) amealhou 30,81%, uma diferença de mais de 910.000 votos. Tarcísio Motta (PSOL) fechou a disputa como terceiro colocado, com 4,20%. Ainda que Ramagem, principal aposta do ex-presidente, tenha chegado à preferência de mais de um terço do eleitorado, Paes disse no discurso de vitória que “Bolsonaro não manda em nada”. E fez um aceno a lideranças evangélicas que o apoiaram nesta eleição. “Queria agradecer muito a todas as lideranças evangélicas, que foram patrulhadas nessa eleição. O povo evangélico não é gado”, disse ele, que também dedicou parte do tempo do discurso da vitória para tratar do governador Cláudio Castro (PL), com quem travou embates durante toda a campanha. Castro era aliado de Ramagem. “Governador Cláudio Castro, a gente teve que fazer embate porque seu candidato trouxe suas fraquezas, a sua incompetência para esse debate eleitoral. Mas nós estamos do seu lado, a partir de hoje terminam os conflitos. A gente vai trabalhar junto”.

Como foi a campanha de Eduardo Paes?

Desde o começo oficial da corrida, Paes manteve nas pesquisas patamar para vencer no primeiro turno. O político, durante a campanha, deu atenção especial à Zona Oeste, onde fez uma série de inaugurações recentes, como o Mergulhão de Campo Grande, e o Parque Oeste, em Inhoaíba. No final de junho, ele esteve com o presidente Lula na Favela do Aço, uma das áreas mais pobres da região, no bairro de Santa Cruz, para entregar os primeiros apartamentos do conjunto Morar Carioca em construção no local. Na ocasião, foi chamado por Lula de “melhor gerente de prefeitura do Brasil”.

Mesmo sendo um aliado do petista, ele teve sucesso em evitar a nacionalização da corrida no Rio, uma das apostas de Ramagem, indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. A estratégia de Paes também mirou no voto evangélico: ele atraiu para o seu lado todas as grandes lideranças desse campo e contou, nesse esforço, com o deputado Otoni de Paula (MDB), que agora se declara ex-bolsonarista.

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A campanha do prefeito ainda conseguiu desconstruir a agenda de Ramagem na segurança, ao associá-lo ao governador Cláudio Castro (PL) e às falhas na política desse campo no estado. Ao final, o bolsonarista tentou se distanciar, chegando a chamar o governo Castro de “medíocre” no debate da TV Globo, mas já era tarde.

Ausência de Bolsonaro 

Ramagem, que começou como um desconhecido para os cariocas e passou boa parte da campanha patinando nas pesquisas, na reta final entrou numa tendência de alta nas sondagens, conseguindo levar para o seu lado uma parcela dos eleitores de Bolsonaro. Mas a subida não foi suficiente para ameaçar o prefeito, e o desempenho ruim dos outros adversários contribuiu para não haver segundo turno.

Para a coordenação da campanha de Paes, o prefeito ganhou nas últimas semanas pontos com o voto útil de um eleitorado mais à esquerda que votaria em Tarcísio. Já para pessoas ligadas ao candidato do PL, delegado da PF e ex-chefe da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), faltou empenho de Bolsonaro no Rio para empurrar a eleição ao segundo turno. O ex-presidente, que era o principal cabo eleitoral de Ramagem, só apareceu ao lado do candidato no Rio na última semana, e mesmo assim em agendas improvisadas, sem divulgação anterior.

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Quarto mandato

Mesmo com as tentativas de associar Paes à esquerda e à direita, o político do PSD se firmou nesta eleição como um nome de centro. A boa avaliação do seu último governo junto aos cariocas pesou para que a eleição não virasse uma disputa polarizada entre quem tinha o apoio de Lula e Bolsonaro.

O político do PSD vai para o seu quarto mandato à frente da Prefeitura do Rio. Ele foi eleito pela primeira vez em 2008, num segundo turno contra Fernando Gabeira, então no PV. Na época, a legenda de Paes era o PMDB. Em 2012, o prefeito foi reeleito pela mesma sigla, só que no primeiro turno, deixando para trás Marcelo Freixo, então no PSOL. Em novembro de 2020, em plena pandemia, Paes, filiado ao DEM, derrotou no segundo turno o então mandatário, Marcelo Crivella (Republicanos).

O trauma dos cariocas com a gestão Crivella e com a do ex-governador Wilson Witzel – que derrotou Paes ao governo do estado com apoio de Bolsonaro em 2018, mas acabou destituído cerca de um ano e meio depois em meio a um escândalo de corrupção – foi muito explorado pela campanha à reeleição.

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