Poucos dias depois de ter participado de um evento fechado no Palácio do Planalto no qual o presidente Lula sancionou a lei que estabelece 9 de junho como o Dia da Música Gospel, o deputado Otoni de Paula (MDB-RJ) comentou na live de VEJA Os Três Poderes a aproximação do petista com os evangélicos e a divisão da direita no Brasil. O deputado, que é da bancada evangélica na Câmara, afirmou que sempre dialogou com todos os espectros da política e criticou a visão de muitos religiosos que pregam que “Deus está comigo e o diabo está do outro lado”, afirmando que esse é um fenômeno surgido na última eleição presidencial.
De Paula, que se considera “ex-bolsonarista”, afirmou ainda que sua decepção com a família de Jair Bolsonaro “é política, não pessoal” e criticou a percepção na direita e nas igrejas evangélicas de que o conservadorismo não se sustenta sem o bolsonarismo. “Há uma espécie de adoração ao presidente Bolsonaro, como se a igreja precisasse dele”, afirmou. “A igreja não precisa de político e da política.”
“Cada um vota em quem quiser, mas, por favor, não vamos achar que a igreja tem partido, que a igreja é PL ou Bolsonaro, como não é PT e não é Lula”, apontou. “A igreja foi sequestrada por um sentimento de que só tem um político que pode representar Deus no Brasil, Jair Messias Bolsonaro. Com todo o respeito que tenho pelo Bolsonaro, mas a minha confiança como igreja não está em Bolsonaro, está em Jesus.”
O deputado atribuiu a certa “arrogância bolsonarista” a ideia de que a “direita tão plural, com liberdade de pensamentos e com tantas lideranças, deveria se resumir ao bolsonarismo” e afirmou que o ex-presidente cumpriu um papel “que poderia estar cumprindo até agora, se entendesse que tão importante quanto ele é Ronaldo Caiado em Goiás, é Ratinho Jr. no Paraná, é Pablo Marçal em São Paulo”.
“Sei que vou desagradar muitos bolsonaristas, mas existe direita sem Bolsonaro, existe conservadorismo sem Bolsonaro, por mais mais que nós respeitemos a contribuição histórica que o presidente Bolsonaro representa para o Brasil e o mundo”, disse De Paula, que finalizou ressaltando ainda que “toda vez que o presidente Lula precisar de oração, estou aqui”.
O parlamentar foi um ferrenho defensor de Jair Bolsonaro durante o mandato do ex-presidente e vice-líder do governo à época na Câmara. Na eleição municipal do Rio de Janeiro, esteve ao lado do prefeito reeleito, Eduardo Paes (PSD), e subiu ao palanque com outras figuras de esquerda, ignorando o candidato bolsonarista Alexandre Ramagem (PL).
Outros assuntos
Comandado por Ricardo Ferraz e com a participação dos colunistas Matheus Leitão, Robson Bonin e Ricardo Rangel, o programa também tratou da reportagem de capa de VEJA da semana, sobre um possível escândalo no STJ, do apagão que atingiu a cidade de São Paulo nesta semana e a mais recente pesquisa Datafolha sobre a eleição na capital paulista.