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‘Afronta ideológica’ do governo impede diálogo, diz deputado evangélico

Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) citou pautas progressistas, como aborto e linguagem neutra, como obstáculos para aproximação com o Planalto

Por Da Redação Atualizado em 21 jul 2023, 13h08 - Publicado em 21 jul 2023, 09h55

O deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) participou da edição desta sexta-feira da live de Os Três Poderes, programa de VEJA com análises sobre os principais fatos da semana. O parlamentar, aliado e do mesmo partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, faz parte da bancada evangélica, bloco conservador que reúne dezenas de membros, e falou da dificuldade de aproximação com o governo Lula.

Perguntado sobre a relação de Lula com os evangélicos e sobre como avalia os primeiros passos do governo, Cavalcante lembrou que o presidente teve apoio maciço do segmento no primeiro mandato, mas que “um conjunto de políticas que afrontavam os valores cristãos” a partir do segundo mandato iniciou esse afastamento. O deputado citou “resoluções do Ministério da Saúde” que possibilitaram o aborto, a legalização de casamento de pessoas do mesmo sexo e a utilização de linguagem neutra como alguns dos motivos. “Isso começou a nos chocar. Isso foi distanciando o segmento por questões ideológicas”, afirmou.

Sóstenes também citou os casos de corrupção descobertos durante os governos petistas como razão para o distanciamento dos evangélicos. Para ele, Lula e o PT nunca assumiram seus erros nem pediram perdão, o que poderia ajudar em uma reaproximação. “Quando não se pede perdão, a gente não dá perdão. Temos um governo que afrontou valores quando esteve no Executivo, se envolveu com corrupção e não reconhece esse envolvimento”, ressaltou o deputado. “A conduta de dia a dia do governo é uma conduta de afronta. O governo vai ter que fazer uma autocrítica e autoavaliação se eles querem o segmento por perto. Vão ter que corrigir muita coisa”, completou.

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O parlamentar também falou do crescimento das igrejas no país e disse que isso se deve a “uma forte metodologia de evangelização do segmento”, que começou nos anos 2000. “Estimávamos que em 2025 o país se tornaria maioria evangélica. Mas acredito que só vamos conseguir inverter a pirâmide religiosa e passar a ser maioria em 2035”, ponderou. “A igreja tem feito esse trabalho (social) com muita eficiência”, acrescentou. Segundo ele, a “influência política” do grupo “é uma coisa natural e sociológica, que faz parte de todos os países do mundo”.

Questionado se deveria haver uma autocrítica do segmento devido à aproximação com o governo Bolsonaro e possíveis campanhas dentro de templos, o deputado afirmou que isso nunca ocorreu. “O que existe é um trabalho de conscientização política. Isso fizemos e faremos sempre”, disse. O deputado também salientou que a igreja nunca fez “vista grossa para erros” de Bolsonaro.

Cavalcante também disse defender o “aprimoramento do sistema eleitoral” e que sempre votará a favor do “voto impresso auditável”. Ressaltou que não há racha na bancada evangélica por causa da votação da reforma tributária, na qual alguns deputados votaram a favor e outros, contra. “Sempre defendemos a reforma, mas jamais foi feito acordo para votarmos favorável”, revelou. “A bancada está reunida e o papel dos evangélicos é lutar por valores e não questões econômicas”, completou.

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Beneficiadas no recente projeto de reforma tributária aprovado na Câmara, as igrejas evangélicas tiveram, nos últimos anos, um salto do número de templos no país. Conforme mostra a capa de VEJA desta semana, um levantamento minucioso e inédito comprova que a proliferação dos locais de culto da corrente religiosa quase dobrou em uma década, passando de 54 mil para mais de 100 mil. Junto com esse aumento, sobe também a influência política do grupo, que tem uma bancada parlamentar cada vez maior.

O programa Os Três Poderes é apresentado pelo editor José Benedito, com comentários de Clarissa Oliveira, Robson Bonin e Matheus Leitão. Assista abaixo:

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