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Depois de Pazuello, Centrão quer derrubar Ernesto Araújo

Representante da chamada ala ideológica, o chefe do Itamaraty é um dos auxiliares mais próximos do presidente Jair Bolsonaro

Por Marcela Mattos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 20 mar 2021, 11h04

O general Eduardo Pazuello foi demitido do Ministério da Saúde após uma ofensiva comandada por parlamentares do chamado Centrão. No último final de semana, políticos próximos a Jair Bolsonaro, com destaque para o presidente da Câmara, Arthur Lira, e o senador Ciro Nogueira, ambos do Progressistas, convenceram o presidente de que a situação de Pazuello era insustentável.

Em conversas com parlamentares e com seus auxiliares mais próximos, o presidente recebeu o diagnóstico de que o general havia perdido completamente o controle da pasta. Bolsonaro ouviu que, além de conduzir um processo de vacinação vexatório no país, o que estava jogando a popularidade do governo no chão, Pazuello já não tinha voz interna e estava sendo completamente ignorado por secretários estaduais de saúde. Para piorar, o general estava vendo, inerte, os governadores tripudiarem do Executivo ao tomarem a dianteira da compra de imunizantes.

Mais: de acordo com os relatos, apesar do atraso na vacinação, Pazuello demonstrava pouco empenho em negociar com as farmacêuticas dispostas a trazer o imunizante ao país. Políticos do Centrão passaram a fazer lobby pela chinesa Sinopharm, que trabalha para mandar a matéria-prima da vacina para uma fábrica em Cotia, no interior de São Paulo. Parlamentares afirmam que o general postergava os encontros com representantes da empresa, em detrimento da promessa de que em solo brasileiro se produza mais de 30 milhões de doses mensais desse imunizante.

Por essas e outras críticas, a retirada do ministro ajudaria a lustrar a imagem do governo e seria uma sinalização de que o presidente, enfim, estaria disposto a consertar os erros provocados durante a pandemia do coronavírus.

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Com Pazuello fora do jogo, políticos agora centram a mira no ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo. O chefe do Itamaraty é um fiel representante da chamada ala ideológica do governo, responsável por manter animada a claque mais radical do presidente da República. A saída dele vem sendo ventilada como uma forma de fazer um gesto de moderação à diplomacia (o chanceler é um conhecido crítico da China, o principal parceiro comercial do país) e aos investidores externos. Nos corredores do Congresso, não são poucos os que dizem que a queda de Araújo provocaria uma disparada histórica na Bolsa de Valores.

Há também um componente político. Com a possibilidade de volta do ex-presidente Lula ao páreo, aliados de Bolsonaro defendem um reforço na base governista. A ideia é que, no lugar de Araújo, assuma o senador Antônio Anastasia (PSD-MG). A mudança poderia aproximar o partido dele ainda mais do governo. Gilberto Kassab, chefe do PSD, diz ter posição de independência com Jair Bolsonaro.

Apesar do esforço do grupo político, auxiliares palacianos exaltam a fidelidade de Bolsonaro a Ernesto. “Quem é que tem coragem de pedir a demissão dele ao presidente? Por enquanto, nada passa de boato”, disse um ministro a VEJA. Com Pazuello, o “nobre soldado” do presidente, o roteiro não foi muito diferente.

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