A mais recente crise provocada pela disputa do comando da Câmara dos Deputados revelou um racha dentro do DEM, partido que vem se equilibrando entre o governismo, a independência e a oposição. Depois de ser atropelado pela própria legenda na eleição do Congresso, o agora ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia avalia se continua ou não no partido ao qual está filiado há mais de 20 anos, quando ainda era o antigo PFL.
Mas não é só Rodrigo Maia que pode estar de saída. Dentro do DEM, já se trabalha com a possibilidade de que o ex-deputado e ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta também possa buscar um novo ninho político.
Haveria dois motivos para isso: o primeiro são os sucessivos acenos que o presidente do DEM, ACM Neto, vem fazendo ao governo de Jair Bolsonaro. Em entrevistas, Neto já afirma publicamente que não descarta uma aliança com Bolsonaro em 2022. Mandetta deixou o governo sob intenso ataque por parte do presidente da República e não toparia esquecer o passado para virar novamente um aliado.
Uma segunda justificativa que faça o ex-ministro buscar uma outra legenda são seus planos políticos. Mandetta, afirmam os democratas, pode sair candidato ao governo de Mato Grosso do Sul em 2022. O problema é que a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, também filiada ao DEM, vem sendo sondada para a mesma cadeira. Um dos dois, portanto, haveria de ceder. Além disso, há quem acredite até que Mandetta poderia encarar uma disputa pela Presidência da República em 2022.
Apesar da possibilidade de debandada de dois nomes de peso do partido, internamente, a torcida é para que a medida não promova um efeito cascata. “Será um movimento isolado”, afirma uma importante liderança do partido.
VEJA tentou contato com Mandetta, mas não obteve retorno.