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Delator conta como ajudou a ‘comprar’ licitações da Petrobras

Ex-funcionário do Grupo Schahin participou de reuniões em que o Clube do Bilhão topou pagar de 18 milhões em troca de duas importantes obras da estatal

Por Hugo Marques Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 9 fev 2017, 18h15 - Publicado em 9 fev 2017, 17h27

Como parte de um acordo de delação premiada firmado com a força-tarefa da Operação Lava-Jato, um ex-funcionário do Grupo Schahin contou aos investigadores, com riqueza de detalhes, como participou de uma negociação para “comprar” por 18 milhões de reais duas licitações da Petrobras.

Réu nas investigações sobre o petrolão, Edison Freire Coutinho era responsável por formular as propostas técnicas do grupo nas concorrência lançadas pela estatal. Foi justamente nessa função que ele acabou metido no imbróglio. As negociações começaram em 2006.

A Petrobras, àquela altura, colocaria em disputa quatro grandes contratos, todos na área de construção civil. Coutinho conta que foi orientado a fechar parceria com outras empresas. Era o começo de uma operação que, com a Lava-Jato, passou a ser amplamente conhecida: os negócios seriam divididos pelo grupo que ficaria conhecido como Clube do Bilhão, formado pelas empreiteiras que dividiam entre si as grandes obras da estatal.

O delator conta que onze empreiteiras interessadas, entre elas a OAS e a UTC, além do próprio Grupo Schain, passaram a se reunir para “organizar o mercado” e dividir dos contratos. Na divisão, o Grupo Schahin passou a integrar um consórcio encarregado de tocar uma das quatro obras, a construção do Cenpes, o centro de pesquisas da Petrobras, no Rio.

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Só que a combinação, por alguma razão ainda desconhecida, deu errado: a licitação foi vencida pela construtora W.Torre, que não havia participado do acerto. Aos procuradores, Coutinho relatou que, a partir daí, foi montada uma segunda operação, desta vez para “convencer” a empresa ganhadora a desistir da obra. Deu certo.

Coutinho conta que, em uma conversa com o empreiteiro Ricardo Pessoa, dono da UTC apontado pela Lava-Jato como o chefe do Clube do Bilhão, recebeu as coordenadas para fazer o negócio finalmente dar certo. Segundo ele, Ricardo Pessoa disse que, por orientação da direção da Petrobras, seria preciso procurar a direção da W.Torre para fazer o acerto. Foi exatamente o que aconteceu.

De acordo com o delator, um sócio da W.Torre, o empresário Paulo Remy Gillet Neto, pediu 18 milhões de reais para desistir da obra do Cenpes. O consórcio topou pagar o valor, desde que a W.Torre desistisse também de outra obra do pacote lançado pela Petrobras, a construção do centro de processamento de dados (CIPD). Feito o acerto, o Clube do Bilhão acabou ficando com os dois contratos.

Coutinho disse aos investigadores que um executivo da OAS, que também integrava o consórcio, “encarregou-se das providências do quanto havia sido acordado” – ou seja, de pagar o valor acordado com a W.Torre. Um processo em curso na Justiça Federal de Curitiba tem como réus 15 envolvidos no negócio, entre eles o próprio Coutinho, agora tornado delator.

Em depoimento,  Walter Torre Júnior, presidente da W.Torre, negou que tenha recebido os 18 milhões de reais para repassar a obra ao consórcio.

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Como outros contratos investigados pela Lava-Jato, o valor gasto pela Petrobras para a construção do Cenpes virou uma bola de neve. O projeto inicial era estimado em 850 milhões de reais. Depois, saltou para 1 bilhão. Não fosse o negócio ter caído na malha da Polícia Federal e do Ministério Público, pagar os 18 milhões para assumir o contrato teria sido um negócio lucrativo.

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