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Delações da Odebrecht revelam farra com caixa 2

Entre os destinatários de caixa dois, segundo delatores da Odebrecht, estão , Onyx Lorenzoni, Arthur Maia e Lídice da Mata

Por Rodrigo Rangel, Daniel Pereira, Robson Bonin, Laryssa Borges, Marcela Mattos, Felipe Frazão, Hugo Marques, Thiago Bronzatto
Atualizado em 12 abr 2017, 00h29 - Publicado em 11 abr 2017, 21h27
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  • Em um movimento multipartidário, o Congresso tenta, desesperadamente, encontrar um caminho que torne impunes os deputados que receberam os chamados recursos “por fora” durante as últimas campanhas eleitorais. As delações do conglomerado da Odebrecht explicam o motivo de tanta agonia: enquanto ainda era permitida a doação empresarial, deputados e senadores fizeram uma verdadeira farra com o dinheiro recebido para turbinar suas campanhas e mascararam boa parte dos valores à Justiça Eleitoral – o que configura o caixa dois.

    São congressistas dos mais diversos partidos, do PT ao PSDB, passando pelo DEM e pelo PSB, conforme foi detalhado por delatores da empreiteira ao Ministério Público. Confira exemplos abaixo:

    ÔNIX LORENZONI (DEM-RS) – Um dos porta-vozes do discurso em defesa da ética no Congresso, o deputado Ônix Lorenzoni (DEM-RS) recebeu, na campanha de 2006, 175.000 reais da Odebrecht. O valor não foi declarado à Justiça Eleitoral. Alexandrino Alencar, ex-vice-presidente da empreiteira, contou ter procurado pessoalmente o parlamentar e dito a ele que a Odebrecht, “percebendo o seu desempenho, a sua conduta”, gostaria de tê-lo como “parceiro futuro”.

    MARTA SUPLICY (PMDB-SP) – Dois delatores da Odebrecht narraram o repasse de recursos, via caixa dois, às campanhas de Marta Suplicy (PMDB) à prefeitura de São Paulo, em 2008, e ao Senado, em 2010. Os valores foram de, respectivamente, 550.000 reais e 500.000 reais. Em ambos os casos, Márcio Toledo, marido da senadora e arrecadador de suas campanhas, teria pedido a ajuda financeira à empreiteira. No departamento da propina, Toledo era identificado como “Belo Horizonte”.

    ARTHUR MAIA (PPS-BA) – Relator da proposta de reforma da Previdência, o deputado Arthur Maia (PPS-BA), o “Tuca”, recebeu 200.000 reais via caixa dois na sua campanha de 2010, segundo a delação da Odebrecht.

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    ALOIZIO MERCADANTE (PT-SP) – O ex-ministro Aloizio Mercadante é acusado por dois delatores da Odebrecht de receber “vantagens não contabilizadas” na campanha do governo de São Paulo, em 2010. Os repasses foram feitos a pedido do atual prefeito de Araraquara, Edinho Silva, que foi ministro da Comunicação no governo Dilma Rousseff. O relator do petrolão, ministro Edson Fachin, a pedido da Procuradoria Geral da República, derrubou o sigilo dos autos e remeteu a petição para a Procuradoria Regional da República em São Paulo. Em 2010, Mercadante declarou ao Tribunal Superior Eleitoral ter recebido doações no valor de 20,2 milhões de reais. O nome da Odebrecht não aparece entre os doadores declarados do candidato.

    LÍDICE DA MATA (PSB-BA) – Identificada como “Feia” nas planilhas da Odebrecht, a senadora) recebeu da empreiteira 200.000 reais via caixa dois em sua campanha de 2010.

    JUTAHY JUNIOR (PSDB-BA) – O deputado federal recebeu da Odebrecht 350.000 reais na campanha de 2010 e 500.000 reais na disputa de 2014. Os valores não foram declarados, segundo a delação da Odebrecht. No mesmo período, o tucano recebeu, por dentro, doação legal de 610.000 reais.

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    JOÃO PAULO PAPA (PSDB-SP) – Deputado federal de primeiro mandato, o engenheiro e professor recebeu dois repasses do setor de propinas da Odebrecht, totalizando 600 mil reais. Foram dois pagamentos de 300 mil reais, segundo os delatores Benedicto Barbosa Júnior e Luiz Antônio Bueno Júnior. Segundo os delatores, os pagamentos foram feitos porque era “importante guardar uma relação de longo prazo com ele, pois poderia auxiliar os interesses do Grupo Odebrecht em oportunidades futuras”. A Odebrecht financiava campanhas de candidatos para garantir que defendessem seus interesses no Congresso Nacional. Os pagamentos a Papa eram feitos diretamente para Josney Cirelli.

    MÁRCIO LACERDA – Delatores da Odebrecht narraram repasses de dinheiro não contabilizado para as campanhas de Márcio Lacerda (PSB), em 2008 e 2012, à prefeitura de Belo Horizonte. Também detalharam doações, em 2014, para saldar dívidas eleitorais do socialista.

    JARBAS VASCONCELOS (PMDB-PE) – Crítico do fisiologismo praticado por seu partido, o PMDB, o deputado Jarbas Vasconcelos recebeu 700.000 da Odebrecht, via caixa dois, durante a sua fracassada campanha, em 2010, ao governo de Pernambuco.  No setor de operações estruturadas, ele recebeu o apelido de “Viagra”.

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    VANDER LOUBET (PT-MS) – O deputado é acusado de receber 50.000 reais do caixa dois da Odebrecht em 2010, segundo depoimento do delator Alexandrino Alencar. O dinheiro saiu do Setor de Operações Estruturadas, o setor de propinas da empresa.

    JOSÉ CARLOS ALELUIA (DEM-BA) – Dois delatores da Odebrecht delataram à Procuradoria-Geral da República que o deputado recebeu 300.000 reais da empreiteira, em 2010, quando era candidato. O dinheiro não foi contabilizado.  Em 2014, Aleluia também recebeu mais 280.000 reais como doação oficial, em contrapartida à defesa de interesses da Odebrecht no exercício do mandato, mediante solicitação expressa. O ministro relator da Lava-Jato no Supremo, Edson Fachin, autorizou a investigação do parlamentar por corrupção ativa e lavagem de dinheiro.

    RODRIGO GARCIA (DEM-SP) – O deputado é acusado por dois delatores da Odebrecht de receber dinheiro de caixa dois da empresa na campanha de 2010. Segundo os delatores, o dinheiro saiu do setor de propinas da Odebrecht, que era chamado de Setor de Operações Estruturadas. Rodrigo Garcia era identificado pelo apelido de “Suíça”.

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    O deputado nega as acusações. “Jamais recebi doação não contabilizada em minhas campanhas eleitorais. Sou o maior interessado para que esse assunto seja esclarecido o mais breve possível”, afirmou Garcia, em nota.

    LUIZ FERNANDO TEIXEIRA FERREIRA (PT-SP) – Luiz Fernando é irmão do deputado federal Paulo Teixeira e foi coordenador da campanha de Luiz Marinho à Prefeitura de São Bernardo do Campo. O ministro relator do petrolão no STF, Edson Fachin, instaurou inquérito contra o deputado estadual. Luiz Fernando é acusado por três delatores da Odebrecht de receber 300 mil reais na campanha de 2014, “transação que não teria sido devidamente contabilizada”. Em sua prestação de contas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o deputado estadual pelo PT declarou ter recebido 3,2 milhões de reais em 2014. Mas lá só aparecem duas doações da Odebrecht, no valor de 75 mil reais, bem longe do valor revelado pelos delatores.

    JOÃO PAULO RILLO (PT-SP) – O deputado estadual recebeu, em 2012, vultosos 500.000 reais em doação da Odebrecht durante a campanha à Prefeitura de São José do Rio Preto. “Boiadeiro”, conforme foi apelidado pela empreiteira, não declarou os valores à Justiça Eleitoral. As acusações foram feitas pelos delatores Guilherme Pamplona Paschoal e Fernando Luiz Ayres da Cunha Santos Reis.

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    DANIEL ALMEIDA (PCdoB-BA) – O deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA) será investigado no Supremo Tribunal Federal por corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro. Ele foi identificado por delatores da Operação Lava-Jato como o “Passivo” ou “Comuna” nas planilhas de propina da Odebrecht. O inquérito foi autorizado pelo ministro Edson Fachin. Um dos delatores da Odebrecht afirmou aos investigadores que se encontrou com o deputado e combinou pessoalmente o pagamento de 300 000 reais ao correligionário Isaac Carvalho, então candidato à prefeitura de Juazeiro (BA), em 2012. A Odebrecht tinha interesse em fazer obras de saneamento básico na cidade. Outros delatores também delataram que, em outro encontro, repassaram a Daniel Almeida 100 000 reais como “auxílio”. Na ocasião, a entrega ocorreu em um posto de gasolina no bairro Jardim de Alah, em Salvador (BA).

     

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