Na sessão do Supremo Tribunal Federal (STF) que decidirá se o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pode continuar atuando em investigações contra presidente Michel Temer (PMDB), o advogado do peemedebista, Antônio Cláudio Mariz de Oliveira, afirmou diante dos ministros da Corte que a apuração da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Temer a partir das delações premiadas de executivos da JBS “traz danos ao presidente e ao país”, afirmou que Temer “quer trabalhar e não consegue” e fez um apelo: “deixem-no em paz”.
“É preciso que haja comedimento e cautela do Ministério Público. Se está acusando um cidadão brasileiro que é o presidente da República. Quer se queira, quer não se queira. É o homem que responderá pelo país durante um ano e meio. Deixem-no em paz, pensem no sofrimento que essa conduta, com o efetivo eco fornecido pela mídia, está impingindo ao presidente. O sofrimento moral a ele, à mulher, aos filhos, a um irmão doente que ele possui”, declarou Mariz.
O defensor lembrou os áudios que vieram à tona na semana passada envolvendo o empresário Joesley batista, dono do Grupo J&F, e o diretor de relações institucionais da empresa, Ricardo Saud, e que provocaram uma reviravolta nas delações premiadas do grupo. No plenário do STF, Mariz questionou toda a delação premiada de Joesley a partir do pedido de desculpas em que ele e Saud reconhecem que as declarações deles no áudio a respeito de ministros do STF eram mentiras.
“Diz Joesley, um deles: ‘eu menti, eu menti em relação ao Supremo Tribunal Federal, em relação à Procuradoria, eu menti aqui’. Será que mentiu aqui e não mentiu acolá? Será que não mentiu em relação ao Supremo e à Procuradoria? Será que não mentiu em relação ao presidente da República?”, argumenta o advogado.
Antônio Cláudio Mariz de Oliveira também classificou como “açodada” a investigação que levou à denúncia por corrupção passiva apresentada por Rodrigo Janot contra Temer com base nas delações premiadas da JBS e que acabou rejeitada pela Câmara dos Deputados.
Sobre o ex-assessor presidencial Rodrigo Rocha Loures, indicado pelo presidente para tratar com executivos da JBS e flagrado pela Polícia Federal recebendo uma mala com 500.000 reais da empresa, o advogado diz que “o presidente não é o tutor da conduta de seus assessores. O presidente não pode responder por eventuais ilicitudes cometidas por seus assessores”.
Mariz de Oliveira também criticou as declarações de Janot de que “enquanto houver bambu, lá vai flecha”, uma referência à não interrupção das apurações enquanto ele estiver à frente da PGR. O procurador-geral deixa o cargo no próximo dia 18, quando Raquel Dodge toma posse no cargo.
Em uma declaração que pode ser interpretada como ataque tanto a Rodrigo Janot quanto à força-tarefa do Ministério Público Federal Operação Lava Jato em Curitiba, Mariz afirmou que há “paladinos” da moral no MPF e procuradores com posturas “maniqueístas”.
“Justificam seus excessos porque se entendem como um núcleo que veio à Terra para sanar todos os pecados do povo brasileiro. Para moralizar, para dar ao povo brasileiro condições honestas de vida. Como se só eles fossem detentores da honestidade, da correção e da dignidade. Quem pensa como eles é do bem, quem pensa contra eles, é do mal”.