Defesa de ex-PRF vê boicote após material didático ser barrado em presídio
Silvinei Vasques, que está preso na Papuda, estuda para a segunda fase do exame da OAB. Livros, porém, foram represados na penitenciária
A defesa de Silvinei Vasques, ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), acionou o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), nesta terça-feira, 5, cobrando a liberação de um material de estudos que está represado na Penitenciária da Papuda.
Silvinei está preso desde agosto no âmbito de um inquérito que apura se a PRF atuou de maneira deliberada para impedir o voto de eleitores de Lula no segundo turno das eleições do ano passado.
Em 30 de outubro, houve um inesperado aumento das blitze nas estradas, principalmente na região Nordeste, o que teria dificultado a chegada aos pontos de votação. O ex-PRF era um conhecido apoiador do então presidente Jair Bolsonaro.
Na prisão, Silvinei passou a estudar para o exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). No final de novembro, Moraes autorizou que ele deixasse a Papuda para fazer a primeira fase teste, na qual foi aprovado. Agora, ele se prepara para a segunda etapa, prevista para o final de janeiro.
De acordo com o advogado Marcelo Rodrigues, um material de estudos, composto por ao menos cinco livros, além de diversas canetas coloridas, foi entregue na Papuda na última sexta-feira, dia 1º. No entanto, contrariando a rotina da primeira fase, quando os livros foram entregues sem restrições, a direção do presídio elaborou um requerimento questionando a Vara de Execuções Penais (VEP) se o material poderia ou não chegar às mãos de Silvinei.
Ainda não houve uma resposta e, dessa maneira, os livros não foram liberados. Para a defesa de Silvinei, a medida é apenas protelatória e visa atrapalhar os estudos do ex-PRF. “Se o próprio Alexandre de Moraes já autorizou que ele fizesse a prova, como não é possível agora entrar com o material, se na 1ª fase houve a entrada sem menor restrição?”, indaga Marcelo Rodrigues.
Na Papuda, Silvinei Vasques já perdeu mais de 13 quilos, foi transferido para uma ala de vulneráveis e se transformou em recordista de crimes imputados na CPMI do 8 de Janeiro. Ao todo, ele foi acusado pela senadora Eliziane Gama (PSD-MA) de cometer oito delitos, dentre os quais associação criminosa, prevaricação e impedimento do exercício do voto.