A defesa da conselheira do Tribunal de Contas do Piauí (TCE) Rejane Dias, que é investigada por corrupção e lavagem de dinheiro, nega o envolvimento dela em qualquer tipo de irregularidade. Em uma peça sigilosa anexada aos autos do processo, os advogados dizem que a Polícia Federal atuou de forma “leviana”, com o objetivo de tentar incriminar a conselheira e, por associação, o marido dela, o ministro Wellington Dias, do Desenvolvimento Social.
Na peça, a defesa de Rejane Dias anexou informações de peritos particulares que contestam algumas das principais provas contra a conselheira, como a análise da geolocalização dos celulares dos investigados. Estas informações mostrariam a ligação dela com a organização criminosa. A defesa diz que houve “provável manipulação de dados para legitimar conclusões incriminatórias ilegais e abusivas, com potencial para alterar a percepção do julgador e do titular da ação penal” sobre Rejane.
Em 2020, Rejane Dias recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF), argumentando que teria direito a foro especial por ter sido eleita deputada federal. No período em que foi deputada federal pelo PT, entre 2015 e 2018, ela se licenciou do cargo na Câmara para assumir a Secretaria de Educação do Piauí, no governo do marido, Wellington Dias.
Ao analisar o caso de Rejane Dias, a Procuradoria-Geral da República disse que os supostos delitos teriam sido cometidos antes do mandato e reafirmou haver “requisitos de lavagem de dinheiro e longa duração no tempo de funcionamento do empreendimento criminoso”. No mês passado, o juiz responsável pelo caso na Justiça Federal do Piauí enviou o inquérito ao STJ, dessa vez para decidir se Rejane, por ter assumido o cargo de conselheira, teria direito a foro especial naquela Corte.
Segundo a defesa, só quem poderia denunciar uma conselheira de Tribunal de Contas seria um subprocurador-geral da Procuradoria-Geral da República. A conselheira não quis se pronunciar. O ministro Wellington Dias também.