De saída, Doria se defende: ‘Bruno Covas será um ótimo prefeito’
Favoritíssimo para vencer as prévias, prefeito contou com apoio ostensivo de aliados do vice, que herdará o comando da cidade após renúncia
O PSDB realiza neste domingo eleições prévias para definir o candidato do partido ao governo de São Paulo nas eleições de outubro com um claro favorito: o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB). Ao registrar seu voto, no diretório zonal de Pinheiros, na Zona Oeste, Doria falou com discurso de favorito e escancarou a dobradinha com o vice, Bruno Covas, também do PSDB.
Assim como já havia feito ao anunciar a pré-candidatura na segunda-feira, o prefeito voltou a utilizar Covas para afastar as críticas pela saída do atual cargo pouco mais de um ano depois de ter assumido. “Nós teremos um brilhante prefeito, que é o Bruno Covas, que divide todas as responsabilidades comigo. As pessoas ficarão muito felizes com ele”, defendeu o tucano.
João Doria tem sido intensamente criticado por nas redes sociais e por opositores depois da decisão de disputar a eleição. Durante a campanha para a Prefeitura, repetiu diversas vezes a promessa de que cumpriria os quatro anos de mandato, que só termina em dezembro de 2020. Para contornar a rejeição, o prefeito tem apostado em ressaltar a “convocação do partido” para que ele dispute e o discurso da continuidade com Covas.
O vice-prefeito acompanhou Doria até a urna para que ele registrasse seu voto. Do lado de fora, ao menos uma dezena de militantes da juventude tucana – influenciada diretamente por Bruno Covas – estava lá para dar o duplo apoio: ao prefeito para que seja candidato; e ao vice para que herde essa poderosa máquina que é a Prefeitura de São Paulo, com seus mais de 56 bilhões de reais de orçamento anual.
Além de Doria, outros três nomes disputam a indicação do partido: o ex-senador José Aníbal, o secretário estadual do Desenvolvimento Social, Floriano Pesaro, e o cientista político Felipe D’Ávila. O prefeito é o favoritíssimo para vencer já no primeiro turno.
De todos, Aníbal é o que mais tem criticado o prefeito paulistano. Ao jornal Folha de S.Paulo, ele, que é suplente e aliado próximo do senador José Serra, afirmou que “a coisa que ele [Doria] menos é, é candidato a governador. Ele é candidato a presidente”, insinuando que a atual postulação seria uma espécie de balão de ensaio para que Doria tente, daqui a alguns meses, tomar o lugar de Geraldo Alckmin como candidato ao Planalto.
Questionado por VEJA, o prefeito ironizou o adversário, que chegou a entrar na Justiça para tentar impedir a votação. “Eu fico lisonjeado com a citação do José Aníbal para que eu dispute a Presidência da República, mas o meu candidato – e eu espero que o dele também – é o governador Geraldo Alckmin.”
Apesar de ter tido o poder de evitar as prévias se desse sua bênção a qualquer candidato, Alckmin preferiu se omitir, ao menos em público, de interferir na disputa. Ao votar, no Butantã, por volta das 10h, ele manteve a postura neutra. João Doria, que encontrou o governador na sequência na entrega de moradias populares, disse estar tranquilo que ele estará com o vencedor do pleito.
“Geraldo Alckmin é governador de São Paulo e também o presidente nacional do partido. A declaração do governador é a declaração da coerência. Ele apoiará o candidato do PSDB”, afirmou.
Votação
Para além das disputas, as prévias tucanas estão cobertas por um clima de incertezas. Não existe uma mensuração de quantos são, de fato, os eleitores. Isso porque o diretório tem cerca de 300.000 filiados no registro junto à Justiça Eleitoral, mas só um quinto disso, em torno de 60.000, são ativos. É com o segundo número que a Executiva Estadual trabalha neste momento.
Outro ponto questionado por adversários de Doria – que tem a preferência declarada do presidente do PSDB-SP, o deputado estadual Pedro Tobias –, as cédulas de votação foram enviadas aos diretórios de cada bairro, para que eles mesmos imprimam e coloquem em votação.
Também serão os responsáveis de cada zona eleitoral que contarão os votos e enviarão ao diretório estadual para que sejam contabilizados. A VEJA, o pré-candidato Floriano Pesaro definiu a fiscalização do processo como “primária”. “Esse modelo de voto, o manual, permite que ocorra uma fraude”, criticou.